Absolute Flash # 2 - Crítica

 

Absolute Flash #2: A Reinvenção de Wally West e o Mundo em que Ele Corre

Barry Allen está morto. Viva Wally West! Mas não há tempo para celebrações. Com os Rogues já no encalço de Wally, a corrida pela sobrevivência começa — e não é apenas literal. Em Absolute Flash #2, o aclamado roteirista Jeff Lemire e o artista Nick Robles entregam uma sequência ainda mais ousada do que a primeira edição, aprofundando o mundo e o personagem enquanto desafiam expectativas em todos os níveis.

O Mistério que Move a Trama

Logo de cara, a pergunta que paira sobre tudo é: O que Wally West fez? A resposta, até agora, continua nebulosa. Ele foi implicado na destruição de um laboratório, está sendo caçado, e sua reputação — seja ela qual for neste universo — está em frangalhos. O impacto desse mistério é magistralmente construído por Lemire, que escolhe não entregar todas as respostas, mas sim instigar dúvidas até mesmo nos leitores mais confiantes: Você acha que sabe? Tem certeza?

Essa estrutura narrativa cria uma tensão constante, mantendo o leitor na ponta da cadeira. E diferente de outros títulos do Flash, onde o protagonista é um símbolo de esperança, aqui Wally é retratado como um herói em formação — ou até mesmo um fugitivo desesperado.

Os Rogues: Vilões de Peso em um Mundo Reimaginado

Conhecemos os principais membros dos Rogues que compõem a ameaça central da edição:

  • Capitão Frio (Leonard Snart) — Possivelmente o líder.

  • Capitão Bumerangue (Digger Harkness) — Sempre imprevisível.

  • Golden Glider (Lisa Snart) — A presença feminina e feroz do grupo.

  • Trapaceiro (James Jesse) — Um malandro com segredos próprios.

Apesar do tom muitas vezes excêntrico desses personagens em outras versões, nesta realidade, os Rogues operam como uma máquina bem lubrificada — experientes, perigosos e organizados. Eles não são meros vilões de sessão da tarde: são caçadores, e Wally é sua presa.

Um Flash Que Corre por Sobrevivência, Não por Justiça

Aqui está talvez o maior trunfo da edição: a inversão completa da dinâmica clássica de um herói velocista. Wally não está tentando salvar o dia — ele só quer sobreviver. Em vez de um herói confiante que domina seus poderes, temos um jovem em pânico, ainda aprendendo o que significa ser o Flash. Isso adiciona uma camada emocional única e crua, que diferencia Absolute Flash de praticamente qualquer título anterior da franquia.

Essa abordagem oferece ao leitor uma experiência muito mais pessoal e imprevisível, onde não há garantias de vitória ou redenção. O medo, a culpa e a dúvida permeiam cada página.

A Arte Que Corre Junto com a Narrativa

Se a história de Lemire é o coração da edição, a arte de Nick Robles e as cores de Adriano Lucas são seu pulso acelerado. Robles oferece linhas fluidas e impactantes, que não apenas capturam o movimento com maestria, mas dão vida ao caos e à emoção do protagonista. Em especial, os momentos de uso de poderes são descritos quase como acontecimentos mágicos, onde ciência e fantasia colidem em uma coreografia visual arrebatadora.

Lucas, por sua vez, cria contrastes visuais impressionantes. O brilho intenso do deserto se contrapõe com maestria ao vazio sombrio das memórias de Wally, usando tons de vermelho, rosa e neon sobre fundos escuros que evocam uma profundidade emocional rara em HQs de super-herói. O resultado é uma narrativa visual que complementa — e eleva — o roteiro.

Uma Continuação que Supera a Estreia

Absolute Flash #2 é, sem dúvida, uma evolução em relação à já impressionante primeira edição. A estrutura da história é bem ritmada, o mistério permanece envolvente, e a jornada emocional de Wally se aprofunda. O gancho final da edição não só instiga, como garante que o leitor volte na próxima edição — sedento por respostas.

Lemire mostra mais uma vez sua capacidade de reinventar personagens conhecidos com profundidade e originalidade, como já havia feito com o Arqueiro Verde. Absolute Flash não é apenas uma história alternativa: é uma nova fundação para Wally West, uma onde os riscos são reais, as consequências são sentidas, e cada passo é uma corrida contra o tempo — literal e metaforicamente.

Absolute Flash #2 é um retrato ousado e emocional de um herói em transição, apoiado por uma arte de cair o queixo e um roteiro que brinca com a estrutura tradicional das HQs de super-heróis. Uma leitura essencial para quem quer ver o Flash como nunca antes.

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