Ela é Conann: Uma Jornada Bárbara Através do Tempo e da Identidade
Em seu terceiro longa-metragem, o cineasta francês Bertrand Mandico apresenta "She Is Conann", uma obra que consolida sua devoção artística ao diálogo poético, à flexão de gênero iconoclasta e à estética exuberante. Mais do que uma mera exibição de estilo, "She Is Conann" se destaca como o trabalho mais coeso e propulsivo de Mandico até hoje.
O filme acompanha a vida e os amores da rainha bárbara Conann, desde sua juventude aos 15 anos (Claire Duburcq) até sua ascensão como matriarca anciã. A cada década, Conann assume uma nova persona, interpretada por diferentes atrizes: aos 25 anos, uma guerreira arrogante (Christa Théret); aos 35, uma dublê embriagada de amor (Sandra Parfait) transportada para o Bronx de 1998; aos 45, uma figura sombria envolta em simbolismo nazista (Agata Buzek); e aos 55 (Nathalie Richard), culminando em um clímax grotescamente irônico.
"She Is Conann" não se furta à violência, ostentando cenas sangrentas e estilizadas. A brutalidade da vida bárbara é retratada sem rodeios.
Em um desvio bem-vindo do enredo principal, o filme mergulha na sátira auto-reflexiva no final, com uma cena em que um grupo de artistas enfrenta a escolha entre o canibalismo e a pobreza. A refeição oferecida é repulsiva, mesmo em preto e branco, e a cena satiriza a própria natureza grotesca do filme.
O forte senso de estilo de Mandico permeia cada cena de "She Is Conann". Sua visão singular se traduz com coerência ao longo do filme, evidenciando sua mão autoral. Apesar de não ser uma obra focada em narrativa tradicional ou desenvolvimento de personagens, a selvageria de "Conann" liberta o diretor para explorar seu universo particular, criando uma Atenas feroz e fabulosa.
Pontos fortes do filme:
- Estilo visual único e coeso
- Diálogo poético e evocativo
- Flexão de gênero iconoclasta e subversiva
- Narrativa propulsiva e envolvente
- Elenco talentoso com atuações marcantes
Pontos fracos do filme:
- Foco no estilo pode afastar espectadores que buscam uma narrativa tradicional
- Desenvolvimento de personagens limitado
- Cenas de violência podem ser perturbadoras para alguns
Em resumo:
"She Is Conann" é uma obra singular que desafia as expectativas do cinema tradicional. A visão artística de Bertrand Mandico brilha com força total, criando uma experiência cinematográfica imersiva e inesquecível.
Recomendação:
"She Is Conann" é recomendado para fãs de cinema de fantasia com estética ousada, narrativa não linear e temas de identidade e gênero. O filme também pode agradar apreciadores de sátira e humor negro.