Fitting In (2024) - Crítica

 A adolescência é uma fase de muitas mudanças e desafios, e se sentir diferente dos seus colegas pode tornar esse período ainda mais difícil. Essa é a essência do trocadilho que dá nome ao filme semiautobiográfico da roteirista e diretora Molly McGlynn, Fitting In, no qual ela explora uma luta muito pessoal que enfrentou ao ser diagnosticada com uma condição reprodutiva rara na adolescência. 

O filme de McGlynn é honesto e emocionante, e não tem medo de abordar as complexidades e nuances da sua situação, oferecendo um olhar interessante sobre a interseccionalidade da feminilidade em formação, da identidade intersexo e da sexualidade confusa que não se encaixa em padrões rígidos ou rótulos amplamente reconhecidos.

Onde o filme peca é na tentativa de se vender como uma comédia. A direção de McGlynn é eficiente, mas não muito criativa - sua experiência como diretora de televisão fica evidente - e a forma como os personagens entregam as falas que deveriam ser engraçadas raramente arrancam mais do que sorrisos discretos. Esse não é um problema grave, mas faz com que o primeiro ato demore a engrenar antes de chegar ao núcleo dos dilemas de Lindy, tentando estabelecer o tom do filme em um humor que nunca se consolida e só melhora quando essas questões mais sérias começam a surgir.

Os problemas de Fitting In não são raros em projetos independentes e altamente pessoais e, nesse caso, é a natureza pessoal do filme que se destaca como seu ponto forte. Ziegler é uma protagonista ótima, que nos convida a entrar no espaço confuso de Lindy para examinar sentimentos que ela não se atreve a expressar para seus amigos e familiares, e a direção de McGlynn é certamente fundamental para dar vida às suas próprias experiências com a síndrome MRKH.

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