Anek (2022) - Crítica

Um thriller sociopolítico de ação que se passa contra o cenário geopolítico do nordeste da Índia.

A paz é uma hipótese subjetiva”, diz um personagem do novo thriller de ação de Anubhav Sinha, que examina os conflitos políticos que atormentam o nordeste da Índia há gerações. Esse aforismo casual – e o próprio filme – está repleto de ambivalência, um afastamento bem-vindo do jingoísmo nacionalista que dominou o cinema hindi e suas bilheterias nos últimos anos.

Anek faz a difícil pergunta sobre o que significa ser indiano, um enigma carregado em um período em que a HindutvaA retórica fomentou a discriminação brutal em todo o país. Para Aido, uma boxeadora do nordeste da Índia interpretada pela estreante Andrea Kevichüsa, o sonho de conquistar uma vaga na seleção é suficiente para provar que ela pertence a uma terra onde seu povo sofre diariamente abusos raciais. Para seu pai Wangnao (Mipham Otsal), um professor de escola que secretamente lidera um grupo rebelde contra as forças do governo, a assimilação está associada ao despojamento da identidade cultural. 

No meio está Joshua (Ayushmann Khurrana), um agente disfarçado que vê sua lealdade posta à prova. Em uma performance bem discreta, Khurrana entrega suas falas com um estoicismo que lembra o carisma suave de Amitabh Bachchan dos anos 1970, mesmo que, nesta época contemporânea, o jovem raivoso não exista mais; ele está desgastado.

Anek é um filme comercial raro que destaca histórias do nordeste da Índia e se esforça para se recusar a condenar guerrilheiros como terroristas. Aqui, a violência não é um espetáculo, mas sim o sintoma inevitável da subjugação e da intolerância. O filme pode ter um tom didático, mas é o tipo de didática que injeta integridade política em uma paisagem cinematográfica carente de espinha dorsal.




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