En Átomos Volando - Ezmeralda - Crítica

Lindas e sombrias, as cinco faixas de seu novo EP seguem o caminho que ela já havia trilhado em seu álbum de estreia, lançado no ano passado pelo selo equatoriano Also: um ambiente que explora a magia e a tragédia latino-americanas. En Átomos Volando brota da mesma fonte, mas desta vez os tempos são ainda mais lentos, as vibrações mais tênues, os samples ainda mais corroídos. “ Rebajada” significa reduzido, reduzido, diluído; aqui, os sons da tradição musical afro-indígena parecem se dissolver fisicamente no ar denso e tropical.

“Niños floating en el cielo”, tema de abertura, contrasta o testemunho psicodélico de um gamin (como eram chamadas as crianças que viviam nas ruas das cidades colombianas décadas atrás) à melodia de um carrinho de sorvete que se aproxima ao longe, mas isso parece nunca chegar; “Nochear” evoca uma dança corralero de fantasmas bêbados; “Flores no rio” descreve a queda de pétalas de violeta nas águas de um rio; “Duelo”, em sua triste câmera lenta, soa como o lamento colonial de uma tambora; enquanto “Verão do Sacol” evoca uma noite de êxtase há 20 anos no centro de sua terra natal, Bogotá.



O encerramento “Summer of Sacol” parece a princípio aliviar o clima, com sintetizadores suavemente pulsantes lançando um suave brilho ambiente sobre percussão instável. Mas “Sacol”, ao que parece, é mais uma referência aos inalantes que afligem a juventude empobrecida da Colômbia.

O nome da obra vem de um fragmento do hino nacional colombiano que narra o feito de um patriota que, no meio da batalha, se imolou para acabar com um pelotão inteiro de espanhóis.

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