Jumpscare #2: O Terror que Ataca com o Impacto de um Soco de Super-Herói
Por décadas, os quadrinhos de super-heróis exploraram diversos gêneros – da ficção científica ao drama urbano – mas é quando o terror invade as páginas que o impacto se torna verdadeiramente visceral. "Jumpscare #2", lançado pela Dark Horse Comics em 9 de abril de 2025, é uma prova viva disso. Escrito pelo versátil Cullen Bunn e ilustrado pelo talentosíssimo Danny Luckert, esta edição não apenas dá continuidade à história iniciada anteriormente, como expande seu universo de forma significativa, mergulhando o leitor em uma fusão eletrizante de horror gráfico e ação superpoderosa.
Grindhouse: A Criatura que Saíu Direto de um Pesadelo
A introdução do vilão Grindhouse é, por si só, um acontecimento digno de nota. Ele é o que se poderia chamar de uma carta de amor distorcida aos filmes de horror dos anos 1980 – uma criatura grotesca que evoca influências de "The Thing" a "The Beast Within". Seu design físico, nauseante e detalhado até o último fluido corporal, é uma vitrine do talento de Luckert, que parece canalizar o espírito de George Perez e Keith Pollard, mas com um toque moderno e perturbador. Grindhouse não é apenas uma ameaça física, mas também psicológica, pois mantém a irmã da protagonista como refém, criando um conflito emocional tenso que dá densidade ao enredo.
The Dismal Concordant: Uma Nova Camada de Conspiração Cósmica
Como se a ameaça corpórea de Grindhouse não fosse suficiente, esta edição apresenta o enigmático e poderoso quadro conhecido como "The Dismal Concordant". Esta organização secreta e possivelmente sobrenatural está manipulando os eventos das sombras, disparando contra Allie Perry (a Jumpscare) enquanto ela tenta salvar sua irmã. Com essa revelação, Cullen Bunn planta as sementes para uma mitologia maior, cheia de potencial para desenvolver conspirações e estruturas ocultas que lembram os melhores momentos da Vertigo Comics ou dos primeiros arcos dos X-Men nos anos 2000.
Poderes de Jumpscare: Uma Homenagem Sangrenta ao Cinema de Horror
A protagonista Allie Perry é o coração do quadrinho. Seu conjunto de poderes é tão criativo quanto tematicamente coerente: ela pode materializar qualquer arma vista em um filme de terror, se teleportar em pequenas distâncias para aplicar o elemento surpresa – ou o famoso "jumpscare" – e ainda possui um fator de cura no estilo Wolverine. A combinação disso tudo resulta em cenas de ação brutais, coreografadas com inteligência, e que homenageiam clássicos do gênero slasher e gore.
O nível de violência não é suavizado: o sangue escorre pelas páginas como se fosse dirigido por Lucio Fulci ou Herschel Gordon Lewis, mestres do horror gráfico. Ao mesmo tempo, há uma fluidez quase cinematográfica nas lutas – algo que lembra os melhores momentos das HQs do Demolidor de Frank Miller ou da fase mais recente de Chip Zdarsky.
Allie Perry: Rebelde, Apaixonada por Horror e Cativante
Além da ação, "Jumpscare #2" nos permite mergulhar mais fundo na mente da protagonista. Allie é uma jovem marcada pela rejeição familiar, especialmente por seus pais religiosos que sempre preferiram sua irmã. O amor de Allie por filmes de terror surge como um possível ato de rebeldia – ou talvez como um refúgio real em um mundo que a tratou como pária.
Seu carisma está justamente no fato de que ela não é uma justiceira tradicional. Não há o peso sombrio de um Batman em sua luta contra o crime. Ela vibra com a adrenalina, seja enfrentando bandidos nas ruas ou entidades sobrenaturais. A energia quase adolescente que ela traz, misturada ao sarcasmo e à insanidade contida, transforma suas batalhas em espetáculos viscerais e divertidos.
Arte de Danny Luckert: Um Show de Detalhes
Visualmente, Jumpscare #2 é uma aula de composição, textura e ambientação. Danny Luckert demonstra ser um artista de primeira linha, que não se contenta em desenhar personagens: ele constrói mundos em cada painel. Os monstros são impressionantes, sim, mas é nos detalhes dos cenários – dos becos urbanos aos cinemas empoeirados onde Allie se esconde – que o livro ganha profundidade visual. A atenção aos ambientes é digna de nota, algo cada vez mais raro na indústria atual.
Um Híbrido Perfeito de Gêneros
"Jumpscare #2" é uma joia rara em um mercado saturado de fórmulas repetitivas. Ele oferece algo único: uma heroína sangrenta, apaixonada por filmes de terror, lutando contra horrores literais e metafóricos, em um mundo onde o horror não é apenas cenário – é combustível narrativo.
Se você é fã de histórias que mesclam o melhor do terror visceral com a adrenalina dos quadrinhos de super-heróis, esta edição é obrigatória. Mas aviso: não é para os fracos de estômago. Prepare-se para gritar, rir e se empolgar. E torcer para que a próxima edição seja ainda mais insana.