"Don't Die: The Man Who Wants to Live Forever": Um Documentário sobre a Busca de Bryan Johnson pela Imortalidade
No documentário “Don’t Die: The Man Who Wants to Live Forever”, dirigido por Chris Smith, somos apresentados a um homem cujas ambições vão muito além dos limites da experiência humana comum. Bryan Johnson, um empresário extremamente rico, dedicou sua vida e fortuna ao que ele chama de Blueprint Protocol — um regime intricado e extremo voltado não apenas para prolongar a vida indefinidamente, mas também para reverter os efeitos do envelhecimento. Através deste filme, os espectadores ganham uma visão de uma vida consumida pela ciência, tecnologia e um desejo incessante de desvendar os segredos da imortalidade.
A Visão de Bryan Johnson: Ciência Extrema Encontra o Desejo Humano de Imortalidade
No centro deste documentário está a obsessão de Johnson pela longevidade. Ele se comprometeu totalmente a uma rotina diária rigorosa, que inclui desde 54 pílulas pela manhã até uma hora fixa de dormir às 20h30, com exatamente 8 horas e 34 minutos de sono. Seus dias giram em torno de exercícios, tratamentos e suplementos, que variam desde os medicamente aprovados até os altamente experimentais, incluindo alguns tão extremos que exigem viagens a países com regulamentações mais flexíveis. Johnson aborda esse regime com um nível de precisão e detalhes que levanta a questão: seria essa a vida do futuro, ou apenas uma exceção extrema que deve ser descartada como uma loucura?
Os Dilemas Éticos da Extensão Radical da Vida
O documentário apresenta o protocolo de Johnson como quase absurdamente extremo. A ideia de que uma pessoa possa viver de maneira tão regimentada — abrindo mão de muitas das alegrias que associamos à vida, como família, amigos, arte e prazer — força o público a questionar se isso realmente é uma vida que vale a pena prolongar. Embora Johnson afirme que está criando um futuro em que seu trabalho possa beneficiar a humanidade e contribuir para o conhecimento científico, críticos no filme argumentam que a metodologia por trás de sua abordagem contradiz os princípios básicos do método científico. Como Johnson faz tantas coisas ao mesmo tempo, é impossível separar qual intervenção é responsável por quaisquer efeitos observados, tornando a validade de sua autoexperimentação altamente questionável. Além disso, como um dos especialistas aponta, suas contribuições para tratamentos aprovados pela FDA provavelmente serão insignificantes devido à falta de rigor científico.
Um Vislumbre do Passado de Johnson: Transformação e Sacrifícios
À medida que o documentário se desenrola, aprendemos sobre o passado de Johnson, o que fornece contexto para sua busca atual. Criado em uma família mormon devota, Johnson eventualmente deixou tanto sua religião quanto sua família para seguir seus empreendimentos empresariais, vendendo eventualmente sua empresa, a Braintree, por um grande lucro. O filme apresenta um contraste impressionante entre o Johnson pálido e gordo do passado e o figura obcecada pela saúde e juventude que ele é hoje. Apesar de sua impressionante transformação física, o documentário também ilumina seus sacrifícios pessoais, particularmente o afastamento de seus filhos após deixar sua religião.
O ponto de virada na vida de Johnson — e no filme — ocorre quando seu filho mais velho, Talmadge, entra na história. Talmadge se muda para morar com seu pai durante o seu último ano do ensino médio, e os dois embarcam no Blueprint Protocol juntos. Pela primeira vez no filme, vemos um lado mais relacionável de Johnson enquanto ele interage com seu filho de maneiras que são longe de serem clínicas ou baseadas em dados. É durante esse período que a obsessão de Johnson por imortalidade ganha um foco mais claro, particularmente em uma cena controversa envolvendo um transfusão de plasma sanguíneo de três gerações entre Bryan, Talmadge e seu pai.
A Busca pela Imortalidade vs. a Necessidade Humana de Conexão
No entanto, embora o documentário se concentre nas buscas extremas de Johnson, são os momentos emocionais que realmente elevam a narrativa. Após a partida de Talmadge para a faculdade, vemos a emoção crua e não filtrada de Johnson pela primeira vez. Esse momento comovente revela o verdadeiro custo de sua dedicação à imortalidade: a solidão. Johnson, que passou anos imerso em dados e ciência, começa a perceber que conexão e comunidade são tão integradas ao bem-estar humano quanto qualquer pílula ou tratamento. Ao refletir, ele admite, “Eu não seria tão audacioso a ponto de achar que posso desafiar o que a ciência mostra sobre a necessidade humana de conexão e comunidade.”
Essa mudança emocional marca um ponto de virada no documentário, já que Johnson confronta os aspectos mais humanos que sua obsessão científica negligenciou. A realidade é que a imortalidade, se fosse possível, poderia vir ao preço das conexões e relações que muitos consideram os aspectos mais significativos da vida. Esse giro introspectivo torna Johnson uma figura bem mais simpática à medida que o filme avança, convidando os espectadores a reconsiderar sua postura sobre seu projeto ambicioso.
Os Temas Provocativos do Filme: Questionando o Status Quo
Como Ashlee Vance, a jornalista e co-produtora do documentário, comenta no filme, Johnson realmente "virou a narrativa" ao longo dos anos. O que inicialmente parecia a busca de um louco se transformou em algo que desafia os pressupostos que temos sobre envelhecimento, assistência médica e os limites da vida humana. Embora seja tentador ver os esforços de Johnson como a ação de um bilionário excêntrico, o documentário habilmente vai desvendando camadas, revelando algumas verdades desconfortáveis sobre as falhas de nosso sistema de saúde e a necessidade humana de mais do que apenas longevidade.
As críticas que Johnson enfrenta — sendo rotulado como um vendedor de óleo de cobra ou um vendedor de promessas vazias — são equilibradas por suas próprias afirmações de que a medicina moderna é baseada principalmente no tratamento, e não na prevenção, e que nossos cérebros nem sempre estão equipados para tomar as melhores decisões a longo prazo. Seu projeto, embora extremo, levanta questões importantes sobre os fundamentos de como abordamos a saúde e a longevidade, especialmente em um mundo onde os idosos frequentemente enfrentam mais doenças do que soluções.
Uma Visão do Futuro ou um Conto de Advertência?
Em conclusão, “Don’t Die: The Man Who Wants to Live Forever” é mais do que um documentário sobre a busca pessoal de Bryan Johnson pela imortalidade. É uma exploração dos limites da ambição humana, da ética da extensão da vida e dos custos das medidas extremas na busca por algo tão evasivo quanto a vida eterna. Embora Johnson possa ou não ter sucesso em seus empreendimentos, o documentário levanta questões críticas sobre qualidade de vida, o papel da ciência e o significado da conexão em um mundo cada vez mais obcecado pela longevidade.
À medida que assistimos Johnson continuar sua jornada, somos levados a refletir: Vale realmente a pena viver para sempre, ou estamos melhor aproveitando o tempo que temos? Por mais que o documentário seja focado em ciência e dados, ele serve como um lembrete oportuno de que, no fim das contas, são as conexões humanas e relações significativas que podem proporcionar o maior senso de imortalidade de todos.