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The Order (2024) - Crítica

 "The Order" – Uma Aposta Tensa e Eficiente no Crime e no Drama

O novo filme de Justin Kurzel, "The Order", mergulha em uma história real de perseguição e violência, trazendo à tona um thriller de crime tenso e eficiente. Dirigido pelo cineasta australiano conhecido por seu trabalho em "Nitram" e "True History of the Kelly Gang", o filme narra os esforços do FBI para erradicar um perigoso grupo supremacista branco nos Estados Unidos durante os anos 1980. Com Jude Law no papel principal de Terry, um agente do FBI implacável, o filme se destaca não apenas pela sua narrativa simples e envolvente, mas também pela sua abordagem austera e crua da história real que inspirou o enredo.

A Trama de "The Order" e Seus Elementos Centrais

"The Order" é centrado em Terry, um agente veterano do FBI, interpretado por Jude Law, que se muda para Idaho em 1983, buscando uma vida mais tranquila, longe das tensões de Nova York. No entanto, sua paz é interrompida quando ele descobre um novo e crescente grupo de extremistas de direita, conhecido como The Order, que se separaram de um setor local da Aryan Nation para fundar sua própria organização criminosa. Liderados por Bob Mathews (interpretado por Nicholas Hoult), o grupo comete uma série de assaltos a bancos para financiar suas atividades terroristas, gerando um cenário perigoso para a sociedade americana.

O filme, baseado no livro "The Silent Brotherhood", acompanha a jornada de Terry enquanto ele, com a ajuda de seu parceiro inexperiente Deputy Bowen (Tye Sheridan), se envolve em uma intensa busca para desmantelar The Order antes que suas ações causem mais estragos. O enredo se mantém simples, com foco no trabalho investigativo e nas estratégias do FBI, ao mesmo tempo em que explora as atividades criminosas cada vez mais ousadas do grupo extremista.

A Abordagem de Kurzel: Crueza e Simplicidade

O diretor Justin Kurzel imprime em The Order um estilo cinematográfico que já se mostrou eficaz em seus trabalhos anteriores: blunt-force momentum, ou seja, uma narrativa direta e sem rodeios, que evita se perder em detalhes desnecessários. Embora o filme trate de um evento real e envolva temas pesados, como o extremismo de direita e o terrorismo doméstico, Kurzel escolhe não explorar excessivamente o mindset tóxico de The Order ou a natureza vil de Mathews. Ao invés disso, ele foca em como a investigação é conduzida e como os personagens lidam com os confrontos — mantendo a tensão e a ação como os pilares centrais da narrativa.

Essa escolha estilística de Kurzel se alinha bem com o ritmo do filme, que é enérgico e pragmático, sem se perder em discursos ou investigações filosóficas. O diretor mantém o foco na tensão crescente, desde a descoberta da célula terrorista até as violentíssimas confrontações que surgem ao longo da busca. Não há exagero nos momentos de ação, mas sim uma construção intensa e realista dos confrontos, onde as falhas e erros dos personagens tornam o drama mais humano e crível.

A Força de Jude Law e dos Personagens Coadjuvantes

A grande performance de Jude Law é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Terry, seu personagem, é um homem que carrega um fardo emocional e físico: já na casa dos 50 anos, ele enfrenta dores constantes devido à sua saúde debilitada e está constantemente assombrado por fracassos passados. A atuação de Law é marcada por uma pragmatismo frio, que se reflete tanto em sua postura diante dos outros quanto em suas interações com Bowen (Sheridan) e com Joanne (Jurnee Smollett), uma colega do FBI que duvida de sua capacidade de lidar com um caso tão fisicamente exigente.

A relação entre Terry e Bowen segue a fórmula clássica do veterano sábio e do novato impressionável, mas o filme faz questão de humanizar os dois personagens de forma sutil, sem cair em estereótipos. Nicholas Hoult, por sua vez, traz para Bob Mathews uma interpretação deliberadamente sem brilho, uma escolha interessante, já que o filme não tenta transformar o líder de The Order em um vilão carismático ou uma representação magnética do mal. Ao invés disso, Mathews é retratado como um reacionário sem carisma, o que, de certo modo, faz com que ele seja ainda mais perigoso por sua banalidade.

Sequências de Ação: Eficientes e Intensamente Reais

Embora The Order não busque reinventar o gênero de thriller ou crime, suas sequências de ação são destacadas pela intensidade crua e pela coreografia realista. Kurzel faz um trabalho notável ao criar cenas de perseguições e tiroteios que não são apenas bem executadas, mas também desprovidas de excessos estilísticos. A ação é rápida, imprevisível e brutal, com editação afiada (por Nick Fenton) que amplifica a sensação de urgência e de caos. Em momentos de tensão, Kurzel faz com que os personagens pareçam mais vulneráveis, cometendo erros e falhando, o que contribui para a verossimilhança das cenas e para o envolvimento do espectador.

A Temperança da Narrativa e os Temas Subjacentes

Um dos aspectos mais fascinantes de The Order é como ele lida com o tema central do extremismo e da violência política de maneira contida. Ao invés de adotar uma abordagem sensacionalista, o filme faz uso de uma narrativa mais subtil e grave, onde o impacto dos eventos não vem de grandes discursos ou declarações explícitas, mas sim da forma como os personagens se comportam e como suas ações inevitavelmente conduzem a um confronto sangrento. A colisão entre o FBI e o grupo extremista parece inevitável, e a forma como a história se desenrola reflete um sentimento de dever sombrio que permeia as ações dos personagens, sem heroísmos exagerados.

Um Thriller Apreciável, Mesmo em Sua Simplicidade

Em última análise, "The Order" é um filme de crime e drama que funciona bem no que se propõe a fazer, oferecendo uma narrativa tensa e eficiente, com uma atuação sólida de Jude Law e uma direção que preserva a crueza e a urgência da história real. Embora o filme não busque ser uma reflexão profunda sobre o extremismo, ele apresenta uma visão eficaz da caçada a um grupo criminoso com uma abordagem simples e direta, que pode, em última instância, agradar aos fãs de thrillers mais realistas e com ação sem rodeios. É uma obra que, embora não se destaque por sua inovação, se torna memorável pela sua intensidade e pela honestidade em sua execução.

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