Wicked (2024) - Crítica

 "Wicked" Transforma o Mágico Musical em um Espetáculo Cinematográfico: A Adaptação de Jon M. Chu

O sucesso do musical Wicked nos palcos de Broadway é uma das histórias de maior sucesso no mundo dos musicais. Com mais de 65 milhões de espectadores e uma arrecadação global que chega a impressionantes 6 bilhões de dólares, é inegável que o show capturou a imaginação do público ao longo de quase duas décadas. E agora, com a adaptação cinematográfica de Jon M. Chu, Wicked não apenas mantém sua essência mágica, mas se reinventa, incorporando novas camadas à sua narrativa e enriquecendo a história com um deslumbrante visual que homenageia a Era de Ouro dos Musicais de Technicolor da MGM, especialmente O Mágico de Oz.

A Transformação de Wicked para as Telonas

Desde que foi anunciado que Wicked seria adaptado para o cinema, os fãs aguardavam ansiosamente para ver como o fenômeno teatral seria traduzido para as telas grandes. A escolha de dividir a adaptação em duas partes foi uma decisão estratégica, permitindo que a rica história de amizade, poder feminino, empoderamento e discriminação ganhasse o tempo e o espaço que precisava para florescer em uma produção cinematográfica. O Volume 1, com 2 horas e 40 minutos, oferece uma experiência completa e imersiva, conseguindo abordar de maneira mais íntima os personagens e a profundidade emocional da trama.

Os Encontros de Personagens: Uma Amizade Imperfeita

A verdadeira magia de Wicked está na sua capacidade de contar a história de duas jovens bruxas, Glinda e Elphaba, cujas vidas tomam rumos dramáticos enquanto suas amizades e afetos se desenvolvem. Glinda, interpretada por Ariana Grande, é uma princesa loira e deslumbrante, inicialmente superficial, mas com uma vulnerabilidade crescente. Já Elphaba, vivida por Cynthia Erivo, é a “bruxa má” que, apesar de sua aparência verde e suas habilidades mágicas formidáveis, é rotulada como "diferente" e rejeitada pela sociedade. A interpretação de Grande e Erivo é o coração pulsante do filme. A química entre as duas atrizes é palpável, e suas atuações vocais são simplesmente impressionantes.

Grande e Erivo: Performances de Alto Nível

A escolha de Ariana Grande e Cynthia Erivo para os papéis de Glinda e Elphaba, respectivamente, é uma jogada vencedora. Ambas têm profundas raízes no teatro musical, o que lhes permite integrar perfeitamente a transição entre diálogos e canções. Ariana Grande, com sua voz doce e poderosa, traz uma leveza necessária à Glinda, enquanto Cynthia Erivo, com sua performance visceral, confere a Elphaba uma profundidade emocional que raramente se vê em adaptações musicais cinematográficas. A habilidade de Erivo em transmitir vulnerabilidade e fúria em suas canções, especialmente na icônica Defying Gravity, é de cortar o coração. A decisão de gravar as músicas ao vivo durante as filmagens também agrega autenticidade, permitindo que as emoções transmitidas pelos personagens soem naturais e espontâneas.

Uma Produção Deslumbrante: Homenagem ao Clássico "O Mágico de Oz"

Visualmente, o filme não decepciona. Jon M. Chu, diretor conhecido por seu trabalho em In the Heights e Crazy Rich Asians, consegue equilibrar momentos de pura magia visual com a intensidade emocional da história. A produção é um verdadeiro banquete visual, com cores vibrantes que evocam o Technicolor dos musicais clássicos de Hollywood, como O Mágico de Oz (1939). As sequências musicais são exuberantes, com grandes números de coreografia que fazem jus à grandiosidade das produções de Vincente Minnelli.

Chu não se limita apenas ao espetáculo visual. Ele também investe no coração da história, explorando as tensões entre os personagens e dando destaque a temas atemporais, como amizade, empoderamento feminino e a luta contra o preconceito e a opressão. O diretor faz um trabalho primoroso em explorar a profundidade emocional das personagens, permitindo que o público se conecte genuinamente com suas jornadas.

As Estrelas Secundárias: Um Elenco Brilhante

Embora as performances de Grande e Erivo sejam as que mais se destacam, o elenco de apoio também merece menção honrosa. Michelle Yeoh brilha como Madame Morrible, uma figura enigmática e manipuladora, enquanto Jeff Goldblum interpreta o Maravilhoso Mágico de Oz com sua característica combinação de charme e mistério. Jonathan Bailey e Ethan Slater, como Fiyero e Boq, respectivamente, acrescentam dimensões interessantes aos seus personagens, trazendo uma energia jovem e vibrante à trama.

Outro destaque é Peter Dinklage, que interpreta Dr. Dillamond, o professor de Elphaba, e que contribui com uma atuação contida, mas cheia de significado. Todos os membros do elenco, grandes e pequenos, entregam performances que enriquecem ainda mais a complexidade da obra, garantindo que o filme se sustente em diversos níveis emocionais e narrativos.

Reflexões Sobre a Adoção Cinematográfica

Para aqueles que consideram o musical original muito “frouxo” ou “excessivo” em sua mensagem de empoderamento e inclusão, é provável que o filme não mude sua opinião. A história de Wicked sempre foi em grande parte sobre o “outro” e como a sociedade rotula aqueles que são diferentes, uma temática que se ressoa fortemente no cenário político atual. Mesmo com sua grande produção e momentos de pura alegria, a mensagem subjacente sobre fascismo em ascensão e a luta contra a intolerância continua sendo relevante e, talvez, mais urgente do que nunca.

Conclusão: O Início de uma Jornada Cinemática

Com o lançamento de Wicked: Parte 1, a jornada das bruxas de Oz chega ao cinema com um impacto arrebatador. Com uma produção deslumbrante, performances impressionantes e uma história que ressoa profundamente, Wicked estabelece um novo padrão para adaptações de musicais para as telas. Ao entrelaçar as raízes teatrais com a magia do cinema, Jon M. Chu consegue capturar a essência do material original enquanto o leva para novas alturas. E o melhor de tudo? O público agora aguarda ansiosamente a continuação, com o lançamento de Wicked: Parte 2 marcado para novembro de 2025, prometendo mais surpresas e canções inesquecíveis.

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