Birds of Prey #15 - Crítica

 Birds of Prey #15: Um Passo em Falso no Caminho da Redefinição

O Birds of Prey #15, escrito por Kelly Thompson, tem sido um dos quadrinhos mais debatidos entre os fãs de DC, e não é difícil entender o motivo. Embora o título ainda contenha os elementos que o tornaram popular ao longo dos anos, como a equipe dinâmica e as aventuras cheias de ação, esse número parece tropeçar em sua execução, especialmente no que diz respeito à caracterização e ao uso dos personagens. Thompson, que tem lutado para encontrar uma voz clara para os membros da equipe desde o início desta fase, continua a enfrentar dificuldades neste número. Apesar de alguns momentos de ação e emoções genuínas, o resultado final é uma edição que, embora interessante, não atinge seu potencial máximo.

Cassandra Como Covert Operative? Uma Escolha Questionável

Desde que Kelly Thompson assumiu a escrita de Birds of Prey, uma das críticas recorrentes tem sido a forma como ela utiliza os personagens, especialmente Cassandra Cain. No início, houve uma sensação de que Thompson ainda estava tentando definir sua visão para o título, mas, com o passar dos números, a falta de coesão nas escolhas de personagem se tornou mais evidente. No #15, o maior erro de Thompson é forçar Cassandra Cain em uma função que claramente não se alinha com sua natureza ou suas habilidades. Cassandra, tradicionalmente, é uma combatente excepcionalmente hábil, mas sua personalidade e estilo de ação são bem diferentes de outros membros da equipe, como Dinah Lance (Canário Negro).

A ideia de colocar Cassandra como uma agente infiltrada ou covert operative soa completamente fora de lugar. Cassandra, com sua história de ser uma ex-assassina treinada pela Liga das Sombras, sempre foi mais eficaz no combate direto, e não como alguém que se esconde nas sombras fazendo espionagem. O mais frustrante é que Thompson não apenas empurra Cassandra para essa função, mas também a faz se comportar de maneira que Dinah Lance faria – como uma líder estrategista, enquanto Cassandra sempre teve uma abordagem mais instintiva e reativa.

O que torna isso ainda mais desconcertante é a ausência de Dinah Lance, uma personagem cuja história com as Birds of Prey é profundamente ligada à sua habilidade de operar em missões secretas e de liderança. Em vez de escrever Dinah para o papel de infiltrada, Thompson parece insistir em fazer Cass se ajustar ao molde de Dinah, o que, além de confuso, resulta em uma falta de autenticidade nas ações e motivações de Cassandra. Isso cria uma quebra de continuidade que acaba prejudicando a experiência geral de leitura.

Personagens Sobutilizados e Excesso de Cast

Outro problema central do Birds of Prey #15 é o uso excessivo de personagens secundários que, embora tenham potencial, acabam servindo como baggage desnecessária para a narrativa. Personagens como Onyx e a misteriosa ruiva (sem nome claro) são praticamente esquecíveis nesta edição, aparecendo apenas para lançar diálogos sem profundidade ou contribuições significativas para a trama. O excesso de personagens sem um papel claro acaba tornando o ritmo da história mais arrastado e diluindo a importância das interações mais significativas, como as de Dinah, Sin, Barda e Barbara Gordon (Oráculo).

Em particular, Barda, que deveria ser uma das figuras centrais, acaba sendo relegada a uma posição quase secundária, sem a devida exploração de sua personalidade ou habilidades. Isso é ainda mais decepcionante, pois a relação emocional de Barda com Cassandra poderia ter sido uma âncora emocional forte para o enredo. No entanto, com tantas vozes na sala, essa dinâmica acaba sendo diluída.

A edição também tenta abordar a dinâmica emocional de Sin com a introdução da personagem Megeara, mas essa história paralela não é bem desenvolvida, deixando o leitor com mais perguntas do que respostas. A tentativa de Thompson de lidar com temas mais emocionais e inter-relacionais, como a reconstrução de Sin e sua jornada pessoal, parece ficar perdida em meio ao excesso de tramas e personagens.

A Tentativa de Equilibrar Ação e Enredo: Uma Faca de Dois Gumes

Embora o enredo de Birds of Prey #15 tenha seus momentos de ação e conflito bem orquestrados, com boas sequências de luta e um ritmo razoável em algumas partes, a execução geral do enredo parece ser prejudicada pelo excesso de complexidade e pela falta de foco. Cassandra acaba tendo algumas cenas memoráveis, mas estas estão mais associadas à ação do que à construção de seu personagem. Em um número que parece buscar estabelecer dinâmica de equipe, a história se perde na tentativa de equilibrar a luta contra inimigos, a integração de personagens e o desenvolvimento pessoal.

O grande problema da edição é justamente a falta de coesão entre essas várias partes. As interações entre as personagens poderiam ser muito mais impactantes se a narrativa tivesse se concentrado mais nas relações entre figuras centrais como Dinah, Barda, Barbara e Sin, ao invés de sobrecarregar a história com figuras secundárias sem função clara.

Conclusão: Um Passo em Falso, Mas Com Potencial para Melhoria

No fim das contas, Birds of Prey #15 não é horrível, mas também não é uma leitura que atinja o seu potencial. Kelly Thompson oferece uma trama com alguns elementos interessantes, mas, ao mesmo tempo, com escolhas de personagens e caracterização que parecem desconsiderar o que fez a série tão cativante em suas melhores fases. Cassandra Cain claramente não foi escrita de maneira fiel ao que os leitores conhecem e amam, e a decisão de empurrar tantos personagens para o enredo acaba tornando-o confuso e desorganizado.

Para os fãs da série, a impressão é a de que este número poderia ser muito melhor se Thompson tivesse focado em uma narrativa mais concisa e explorado mais profundamente os personagens mais significativos, como Dinah, Barda, e Barbara, ao invés de tentar equilibrar um número muito grande de vozes e subtramas.

Nota: 5/10Birds of Prey #15 ainda tem elementos de potencial, mas precisa de uma maior clareza e uma revisão na abordagem de seus personagens. Se Thompson conseguir encontrar um equilíbrio melhor entre caracterização e narrativa, esta série tem tudo para ser novamente uma das melhores da DC. Por enquanto, fica a sensação de que a equipe de Aves de Rapina ainda está buscando o caminho certo.

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