History of Evil (2024) - Crítica

 

História do Mal: Um Terror Político Incoeso

Com a Guerra Civil pairando no horizonte, segundo Alex Garland, "História do Mal" de Bo Mirhosseni surge como um aperitivo de horror com sabor amargo. A distopia neofascista de Mirhosseni se projeta para 2045 (um ano bastante otimista), onde os Estados Unidos se transformaram em um regime autoritário com milícias barbadas que executam ordens sancionadas pelo Estado. O cineasta iraniano-americano imagina uma nação dominada pelo medo em nome da proteção da "cultura", misturando elementos medíocres de casas mal-assombradas. "História do Mal" soa terrivelmente presciente no clima infernal das eleições de 2024, mas falha como um ato de protesto.

A estreia de Mirhosseni é movida pela condenação e pela raiva, enfurecida pela intolerância que os extremistas de direita permitiram ressurgir. No entanto, a narrativa se desenvolve em traços amplos, priorizando a importância conceitual em detrimento da qualidade da execução.

Após décadas de corrupção e uma Guerra Civil 2.0, a América se torna "A Federação Norte-Americana". Cidadãos revolucionários que se opõem ao regime tirânico formam um grupo dissidente chamado "A Resistência". Jackie Cruz interpreta Alegre Dyer, uma proeminente ativista da Resistência que foge das autoridades após divulgar um texto crítico anti-Federação. Alegre, seu marido Ron (Paul Wesley), sua filha Daria (Murphee Bloom) e a agente da Resistência Trudy (Rhonda Dents) se escondem em um local seguro enquanto aguardam a extração. O plano era passar apenas uma noite, mas os bloqueios da Federação atrasam a mobilidade da Resistência. Eles se tornam alvos fáceis, com soldados armados se aproximando de suas coordenadas. Para piorar a situação, o esconderijo de Alegre guarda seus próprios segredos e está disposto a fazer de tudo para que a história se repita.

Sem dúvida, a arte deve se manifestar contra a irracionalidade. Frases como "Erradicação é conservação" devem provocar calafrios. A consciência de Mirhosseni está no caminho certo, mas o filme parece incompleto e inconsistente. Ele se esforça para esclarecer pontos que não são o foco da história, criando confusões e incoerências na narrativa. O mesmo vale para os elementos fantásticos do filme, que não são explicados ou simplesmente desaparecem. Além disso, o uso do ano 2045 parece incoerente com a tecnologia apresentada, que não vai além de iPads e drones simples.

"História do Mal" tem algo a dizer sobre o triste estado da nação americana e para onde ela se dirige se continuar a alimentar o discurso racista. No entanto, a execução falha em justificar a mensagem.

As táticas de terror do filme também são ineficazes, seja o som abafado vindo do armário de Daria ou o barulho de uma corrente atrás de portas fechadas. A referência à lama cor de alcatrão de Caim é abandonada, e o fantasma se torna um mero garoto que gosta de bebidas e armas de fogo. A inclinação do filme para metáforas fantasmagóricas pouco contribui para a sátira contemporânea, e a empolgação do terceiro ato se limita a uma retribuição sangrenta que acontece fora das câmeras. Mirhosseni nunca consegue conciliar totalmente as influências de terror com o suspense de sobrevivência de Alegre, juntando-os à força como peças de Play-Doh de cores diferentes.

"História do Mal" é um filme com boas intenções, mas que falha em sua execução. A mensagem política é importante, mas o terror é ineficaz e a narrativa é inconsistente. O resultado é um filme que frustra e decepciona.

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