Refletindo sobre a condição humana e o futuro do nosso planeta, minha perspectiva evoluiu de um ceticismo sombrio para um otimismo cauteloso. A “ansiedade climática” é um fenômeno que conheço bem, mas aprendi que sucumbir a ela é não apenas contraproducente, mas também um reflexo de privilégio. Enquanto me acomodo confortavelmente em meu apartamento no Brooklyn, preocupado com catástrofes futuras, há lugares no mundo onde essas catástrofes já são uma realidade cruel, e soluções inovadoras estão sendo desenvolvidas para combater seus efeitos devastadores.
Em contraste, a vida em Bucareste, com suas infraestruturas desgastadas e crescente influência corporativa, espelha a monotonia da existência urbana, apesar de suas condições econômicas mais desafiadoras. É neste cenário que o filme de Radu Jude, “Não Espere Muito do Fim do Mundo”, encontra seu palco, oferecendo uma representação crua e talvez precisa da distopia em que vivemos e daquela que muitos temem estar se aproximando.
O filme explora temas como a viabilidade de inovações tecnológicas, exemplificadas pelos veículos da Tesla e carros autônomos, e a realidade sombria de estradas perigosas que se tornam armadilhas mortais devido à sua inadequação. Jude dedica uma porção significativa do filme a essas narrativas, tecendo uma tapeçaria de histórias que refletem tanto o estado atual da civilização quanto as preocupações sobre seu possível declínio. É uma visão que desafia, questiona e, em última análise, ilumina a complexidade da experiência humana em tempos incertos.