Four Daughters (2023) - Crítica

O gênero docudrama apresenta muitos desafios para os cineastas. Eles precisam combinar elementos reais e ficcionais de forma convincente e respeitosa, sem distorcer os fatos ou as pessoas envolvidas. 

Em "Quatro Filhas", a diretora e roteirista Kaouther Ben Hania mostra sua habilidade nesse gênero, mas com uma margem muito estreita de sucesso. O que salva o filme são o tema e a fonte que inspiraram a história, que são suficientemente interessantes para compensar suas falhas.

Depois de seu filme anterior, "O Homem que Vendeu Sua Pele", ter sido indicado ao Oscar de 2020, Ben Hania volta com um novo projeto que começa com Olfa Hamrouni e suas duas filhas adultas, Eya Chikahoui e Tayssir Chikhaoui, em uma sala de espera em Túnis, na Tunísia. Elas estão aguardando os atores que vão interpretar as outras duas filhas de Olfa, Rahma Chikhaoui e Ghofrane Chikhaoui, que desapareceram misteriosamente. 

O que torna o filme diferente é que Olfa, Eya e Tayssir não são atrizes, mas sim as próprias pessoas que viveram essa tragédia. Isso cria uma dúvida no espectador sobre o que é real e o que é ficção (uma tensão que funciona bem na primeira parte do filme). Logo conhecemos Nour Karoui e Ichraq Matar, as atrizes que vão dar vida a Rahma e Ghofrane. Elas impressionam Olfa pela semelhança física com suas filhas perdidas. O destino de Rahma e Ghofrane revela um retrato da Tunísia contemporânea, que enfrenta o conflito entre a cultura ocidental e o fundamentalismo islâmico no país norte-africano.

O filme tem um estilo pouco cinematográfico, mesmo para um docudrama. As cenas entre Olfa, suas filhas reais e suas filhas fictícias são poucas e breves. Na maior parte do tempo, as cinco mulheres conversam entre si.

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