O Doutrinador (The Awakener) é um thriller policial brasileiro de 2018 dirigido por Gustavo Bonafé, baseado na série homônima de quadrinhos criada por Luciano Cunha. O filme é escrito por Gabriel Wainer, Luciano Cunha, LG Bayão, Rodrigo Lages e Guilherme Siman, e tem como personagem-título Kiko Pissolato, ao lado de Samuel de Assis, Tainá Medina, Nicolas Trevijano, Eduardo Moscovis, Tuca Andrada, Natália Lage, Helena Ranaldi, Eucir de Souza e Marília Gabriela .
Miguel é um agente federal, altamente treinado e especializado em armas. Após vivenciar traumas em sua vida pessoal, ele parte em uma jornada de vingança, assumindo a identidade de um vigilante mascarado. O Despertador decide fazer justiça com as próprias mãos exterminando políticos corruptos. O "Doutrinador" decide fazer justiça com as próprias mãos exterminando políticos e empresários de construtoras corruptas.
Agora, seu maior objetivo é combater uma gangue de políticos e bandidos que liderou a política brasileira e passou a governar o país pensando apenas nos próprios interesses.
Ao som do rock de Soundgarden aos brasileiros, as cenas de ação são extremamente caprichadas, dignas de produções hollywoodianas. Outro aspecto interessante é como foi construída a fictícia cidade de Santa Cruz, uma mistura de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, podemos reconhecer o Edifício Copan, a Avenida Paulista e até certa passarela do shopping. No entanto, todo o filme foi filmado em São Paulo um ponto positivo para a montagem, que conseguiu transformar três cidades em uma só.
No filme, Kiko Pissolato interpreta o policial Miguel Montessant, que integra uma divisão altamente treinada da polícia empenhada em enquadrar políticos corruptos, uma espécie de Operação Lava Jato conduzida por agentes da SWAT. Quando a investigação consegue chegar ao inescrupuloso governador Sandro Corrêa, vivido por Eduardo Moscovis, o político se esquiva da prisão com ardileza e ainda anuncia sua candidatura à Presidência da República. Mesmo inconformado, o protagonista segue sua vida. Pai divorciado, Miguel decide levar sua filha pequena para assistir um jogo da seleção brasileira (ecoando a atmosfera de euforia que precede a crise do Brasil dos anos dos grandes eventos) até que a menina é atingida por uma bala perdida em uma cena que pesa mais a mão no melodrama do que deveria. Ao se deparar com a fatal precariedade de um hospital público, que sofreu com o desvio de verbas de Corrêa, Miguel se radicaliza e encontra refúgio na violência.
O Homem-Aranha na pele de Peter Parker chorou pela morte do tio Ben antes de sair soltando teias por Nova York como o Homem-Aranha; a perda dos pais foi o que despertou a raiva e a vontade de vingança em Bruce Wayne, o que viria a assumir o papel de Batman; Frank Castle viu um simples passeio com sua família pelo Central Park virar uma chacina e decidiu estampar uma caveira em seu peito para punir os responsáveis e procurar justiça pelas próprias mãos. Como toda origem que se preze, são os traumas que motivam nossos heróis a saírem pelas ruas para combaterem o crime.
Com o agente federal Miguel (Kiko Pissolato), não foi diferente. Após perder um ente familiar próximo, no caso sua filha, o anti-herói dá início a sua caçada por políticos corruptos brasileiros, que acabam indiretamente sendo os culpados. É interessante notar que o que começa como uma tentativa de vingança, se torna em uma obsessão incontrolável. As comparações com o Justiceiro, aliás, são justificadas tanto pela origem quanto pelos métodos impiedosos adotados para matar.
Ao contrário do que acontece nas HQs originais, O Doutrinador evita usar o nome de políticos reais (embora evoque figuras como Sérgio Cabral e Aécio Neves) para que ao menos algum afastamento em relação à realidade seja possível. Contudo, não existe texto sem contexto. O fato do anti-herói do filme agir sem motivações político-ideológicas é quase um desafio à suspensão de descrença do espectador ciente de que vive em um país cada vez mais polarizado.
Com diversas cenas de perseguição de tirar o fôlego, o grande mérito de O Doutrinador é ser pioneiro nos filmes de super-heróis brasileiros. Talvez a discussão a cerca do filme seria pensar, analisando o desfecho de Batman - O Cavaleiro das Trevas, se este é o filme que merecemos ou precisamos. O Doutrinador foi lançado no Brasil em 1º de novembro de 2018. O filme foi selecionado para exibição na Jackie Chan Action Movie Week 2019 .