Alerta Vermelho (2021) - Crítica

 A Netflix está ajudando a popularizar mais facilmente alguns filmes, acredito que esse seja o caso de Alerta Vermelho (2021). Alerta Vermelho conta com roteiro e direção de Rawson Marshall Thurber, conhecido por dirigir a comédia Família do Bagulho. Porém, ele já teve outras duas parcerias com The Rock nas produções Um Espião e Meio e Arranha-Céu: Coragem Sem Limite. No mundo do crime internacional, a Interpol emite um Red Notice, um alerta global para caçar e capturar o ladrão de arte mais procurado do mundo.


Red Notice (Alerta Vermelho) é um filme americano de suspense, comédia e ação escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber. É estrelado por Dwayne Johnson, Gal Gadot e Ryan Reynolds. Isso marca a terceira colaboração entre Johnson e Thurber após Central Intelligence e Skyscraper. A Universal Pictures comprou os direitos de distribuição e agendou o lançamento para 13 de novembro de 2020. No entanto, em 8 de julho de 2019, quando a Universal não concordou com o orçamento proposto, a Netflix concordou e assumiu, com o filme sendo lançado na plataforma em 12 de novembro de 2021. No Brasil, também foi lançado nos cinemas pela Imagem Filmes em 4 de novembro de 2021.

Red Notice (no original) gira ao redor de John Hartley (Dwayne Johnson), um dos melhores analistas do FBI, responsável por estudar perfis de grandes criminosos. Sua próxima missão é impedir um audacioso roubo feito pelo criativo ladrão Nolan Booth (Ryan Reynolds), quem ele vem investigando por anos. Pior do que tal malandro, somente O Bispo (Gal Gadot), a maior ladra de artes em todo o mundo, considerada até um mito em tal universo. O problema é que Red Notice tenta se vender como um filme cheio de reviravoltas e surpresas, além dos planos ousados dos ladrões para conseguirem seus objetos sonhados. Só que acaba se tornando uma história meio esquecível, salva pela química de seus protagonistas. Pois essa é a grande questão com os tais plot twists: eles precisam chocar o público, é verdade. Porém, também precisam fazer sentido quando você revê a trama com olhos mais atentos. Dwayne Johnson é sempre a escolha ideal para fazer um macho alfa, ao mesmo tempo que vem conversando com a comédia nos últimos anos. Sua parceria com Ryan Reynolds é mais crível do que aquela apresentada em Hobbs & Shaw, já que os dois ficam bem entrosados. 

Mas Hartley nunca imaginou que O Bispo ia incriminá-lo por um assalto que ele não cometeu. Agora, numa corrida contra o tempo para provar sua inocência, o protagonista é obrigado a formar uma parceria inusitada com Booth, que busca o mesmo alvo que sua rival. Esta grande aventura vai levar o trio numa viagem ao redor do mundo, fugindo da Interpol, mas para alcançarem seus objetivos, eles terão que aguentar o pior de tudo: a companhia do outro. 

Quando a trama inicial acaba, Alerta Vermelho nunca mais desfruta do divertido jogo de gato-e-rato entre The Rock e Reynolds. A linha narrativa que o roteiro adentra não é a de um filme de assaltos ou de perseguição, mas da clássica dinâmica de buddy comedy de dois personagens masculinos opostos juntando forças. O resto do filme é basicamente centrado na relação entre os dois, enquanto eles batalham O Bispo (Gal Gadot), para obter os três ovos de Cleópatra e vendê-los para um egípcio bilionário. O que sai disso é uma estrutura cômica cansativa, desperdiçando o carisma do trio em um filme sem personalidade e compactado para ser um produto de algoritmos de marketing da Netflix.

Thurber dita uma direção sem intenção artística, simplesmente colocando Reynolds, Johnson e Gadot na câmera para que eles carreguem o filme com carisma e interação, envoltos por um texto que não tem um pingo de criatividade para desenhar diálogos cômicos ou desenvolver características dos seus personagens para além das personas dos intérpretes. As superestrelas até tentam, mas há um claro limite do que eles podem transmitir sem um material minimamente regular, resultando em um The Rock inexpressivo e desconfortável em um tipo de papel que ele normalmente domina, enquanto Reynolds sofre para entregar humor com comentários sarcásticos e piadas mal escritas e sem timing cômico. Gadot até se sai um pouco melhor como a antagonista charmosa, considerando que seus momentos em tela são bem esparsos, mas sua personagem é muito mal definida e pouco apresentada para deixar algum tipo de impacto ou dinâmica com o duo masculino.

Se Alerta Vermelho falha miseravelmente para oferecer o mínimo de imaginação em diálogos para um trio que já está acostumado a se destacar em blockbusters ruins, dá até vergonha alheia de abordar a construção narrativa da boa premissa. Primeiro que é um filme de roubos sem… roubos. Aliás, objetos são roubados, mas não temos qualquer tipo de desenvolvimento visual para esses momentos. Os assaltos são postos em tela com uso tedioso de tecnologia, reviravoltas cretinas e saídas fáceis do roteiro, sem qualquer nível de estilo, malandragem ou charme durante os atos criminosos. É como ver um filme de heist sem expressividade, tentando emular Onze Homens e um Segredo sem a construção do ambiente, do planejamento e da dinâmica do roubo.

Em 26 de fevereiro de 2020, Steve Jablonsky foi anunciado como o compositor de Red Notice. Jablonsky já colaborou com o diretor Rawson Marshall Thurber na trilha sonora de Skyscraper em 2018.

Por fim, Alerta Vermelho é uma boa pedida para aqueles que gostam do gênero de ação, mas não esperam uma história rebuscada. Uma paródia sem graça de si mesma, que tenta se inspirar em vários clássicos para oferecer um enlatado com grande nomes. Entre a comédia pastelona que não provoca risos, o desperdício de atores carismáticos, a péssima direção para aventura/ação e a trama global de heist sem escopo ou assaltos, Alerta Vermelho está bem longe de conter um desejo honesto de entreter. É o tipo de filme que muitos evitam assistir quando estão procurando por algo bom na TV com seu controle remoto.

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