Absolute Wonder Woman #6 - Crítica

Mulher Maravilha Absoluta #6: Uma Jornada Mitológica Entre Luz e Sombras

A mais nova edição de Mulher Maravilha Absoluta, escrita por Kelly Thompson, continua a explorar o vasto panteão da mitologia grega, desta vez trazendo um embate filosófico e psicológico entre Diana e Hades. Com a arte deslumbrante de Mattia De Iulis, essa edição consegue capturar a grandiosidade e a melancolia dos mitos clássicos, ainda que apresente algumas falhas no ritmo da narrativa.

A Atmosfera de 'A Dama ou o Tigre'

A trama desta edição coloca a Mulher Maravilha frente a frente com Hades, o Senhor do Submundo, uma figura recorrente na mitologia grega conhecida por sua crueldade e papel de antagonista em diversas histórias. Seu mito mais infame, envolvendo o sequestro de Perséfone, ressoa na forma como Thompson constrói sua versão de Hades: um ser que busca quebrar e humilhar aqueles que desafiam sua autoridade.

Logo no início, ele exige que Diana renuncie às suas armas e armadura, simbolizando a tentativa de despojar a heroína de sua força tanto física quanto psicológica. Essa abordagem reforça a tensão do encontro, tornando-o não apenas um confronto físico, mas também um duelo de vontades.

Os Pontos Fortes e Fracos do Roteiro de Thompson

A caracterização de Hades é um dos pontos altos da edição. Ele não se limita a ser um vilão unidimensional; ao contrário, sua presença imponente e seu discurso manipulador fazem dele um antagonista intrigante. Seu diálogo afiado com Diana reflete uma compreensão profunda da dinâmica entre poder, medo e controle.

No entanto, a estrutura do roteiro tropeça em um elemento recorrente na série: o excesso de flashbacks. Embora esses momentos retroativos sejam frequentemente bem utilizados para aprofundar o contexto da narrativa, nesta edição eles acabam prejudicando o ritmo da história principal. A batalha verbal entre Diana e Hades perde um pouco de seu impacto devido à constante alternância entre passado e presente. Ainda assim, a introdução de Pegasus como um elemento crucial da mitologia de Diana é um acréscimo empolgante.

A Arte Cinematográfica de Mattia De Iulis

Se o roteiro apresenta altos e baixos, a arte de Mattia De Iulis é um show à parte. Seu trabalho visual evoca uma sensação cinematográfica que torna cada página um verdadeiro espetáculo visual.

A atmosfera sombria e mitológica da edição é acentuada pela escolha de cores e pela expressividade dos personagens. Cada cena transmite uma sensação de grandiosidade, fazendo jus às inspirações clássicas da história. De Iulis parece canalizar a essência de filmes como Fúria de Titãs (1981), transportando os leitores para um mundo onde deuses e heróis caminham entre os mortais.

O Conto "Li'l Diana": Um Toque de Leveza

Ao final da edição, somos brindados com o conto "Li'l Diana", escrito por Kelly Thompson e ilustrado por Dustin Nguyen. Diferente da história principal, este segmento traz um tom mais leve e nostálgico, focando na juventude de Diana e sua relação com Circe.

A história é curta e doce, lembrando o estilo das narrativas de "Li'l Gotham" de Nguyen. Esse contraste com a trama principal adiciona uma camada extra à edição, mostrando que até mesmo uma das guerreiras mais poderosas do universo DC já foi uma criança aprendendo sobre magia e responsabilidade.

Uma Abertura Promissora com Algumas Dificuldades

Mulher Maravilha Absoluta #6 é uma edição visualmente deslumbrante, repleta de momentos impactantes e reflexões sobre poder e vulnerabilidade. No entanto, algumas escolhas narrativas impedem que a história atinja seu potencial máximo.

Apesar desses deslizes, a edição consegue entregar uma experiência envolvente, consolidando Kelly Thompson como uma roteirista com um forte entendimento da mitologia grega e da complexidade de Diana. Com a arte impressionante de Mattia De Iulis e o toque leve de Dustin Nguyen, esta edição reforça o compromisso da DC Comics em contar histórias que equilibram profundidade emocional com grandeza mitológica.

Para fãs da Mulher Maravilha e de narrativas inspiradas em mitos clássicos, esta é uma leitura obrigatória.

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