The Question: All Along the Watchtower #4 - Crítica

 A Análise Crítica de "Torre de Vigia #4" - Uma História Previsível e Cheia de Clichês

Em 2025, com o lançamento da "Torre de Vigia #4", os fãs da DC Comics foram apresentados a uma narrativa que, infelizmente, se mostrou decepcionante tanto no enredo quanto no desenvolvimento dos personagens. A história gira em torno de Renee Montoya, a chefe de segurança da Torre de Vigia, e os eventos que se desenrolam quando ela se vê em uma situação crítica: a ameaça de perder seu emprego e, de maneira mais dramática, a responsabilidade de lidar com a morte iminente de todos os super-heróis do Universo DC. No entanto, este conto é ensombrado por problemas estruturais e escolhas narrativas que não fazem jus à complexidade dos personagens ou à grandiosidade do universo da DC Comics.

A Falta de Coerência no Enredo

Como especialista em quadrinhos e histórias de longa data, sempre há uma regra que sigo ao avaliar uma história dentro de um universo estabelecido: ela respeita as regras e convenções previamente estabelecidas? Ou a trama altera essas regras para se ajustar melhor às necessidades da narrativa? Em "Torre de Vigia #4", a resposta é clara: a história opta por alterar as regras de forma inconveniente e sem justificativa adequada.

O vilão da série, Cyborg Superman, utiliza habilidades tecnopáticas para manipular a Zona Fantasma, algo que, até então, parecia ser impossível de se fazer sem um auxílio significativo. Porém, o que é mais frustrante é que, apesar de precisar de ajuda para escapar dessa prisão interdimensional, Cyborg Superman agora possui habilidades de controle mental – algo que não foi previamente explicado de forma convincente e que simplesmente aparece, como se fosse uma mágica narrativa. Isso quebra a suspensão de descrença e deixa os leitores questionando a consistência interna da história.

Vilões e Motivação: O Problema do Cyborg Superman

A motivação de Cyborg Superman também peca pela fragilidade. Sua aversão à Liga da Justiça, especialmente ao Superman, é desconexa e mal fundamentada. A narrativa tenta, sem sucesso, justificar o seu ódio por Superman, que já foi, em outras histórias, o principal ponto de virada para a existência do vilão. A relação de Cyborg Superman com o Superman parece desconexa e sem um arco emocional claro. Ele não parece mais o vilão estratégico e sombrio que muitos esperavam, mas sim uma figura que poderia ser facilmente substituída por outro inimigo mais icônico e competente – como Brainiac, Failsafe ou Kilg%re.

Clichês e Conflitos Previsíveis

Outro aspecto que empobrece "Torre de Vigia #4" são os clichês excessivamente explorados. A história está repleta de elementos previsíveis que diminuem o impacto emocional da narrativa:

  • O herói controlado mentalmente que luta para se libertar? – Verificado.
  • O herói que enfrenta uma crise de fé antes de superá-la no terceiro ato? – Verificado.
  • O vilão que faz uma exposição desnecessária para os subordinados que já conhecem seus planos? – Verificado.
  • O herói que compartilha um momento com seu ex e diz "Eu peguei você"? – Verificado.
  • O vilão que permite a fuga dos heróis apenas para que seus planos sejam frustrados? – Verificado.
  • O herói que se mostra inquebrável, mesmo após ser colocado em situações extremas? – Verificado.

Esses elementos são comuns em séries mais leves e voltadas para um público jovem, como os desenhos animados de sábado de manhã. No entanto, em uma história que pretende ter uma narrativa mais densa e voltada para o universo de super-heróis, esses clichês dão uma sensação de preguiça criativa e falta de originalidade. "Torre de Vigia #4" falha ao não se arriscar a ir além da fórmula básica que já foi explorada exaustivamente em outras publicações de quadrinhos.

O Papel de Renee Montoya

A inclusão de Renee Montoya como protagonista é um ponto que, à primeira vista, poderia trazer algo novo e interessante para a narrativa. Ela é uma personagem que merece mais destaque, especialmente considerando sua jornada nos quadrinhos, como a transformação no Questão. Porém, em "Torre de Vigia #4", ela é tratada de forma superficial. O foco em seu fracasso como chefe de segurança na Torre de Vigia, e seu desafio de evitar o desemprego, fica longe de ser uma trama emocionante ou relevante. A aparição de Montoya é mais uma desculpa para conectar essa série com a popularidade do personagem Questão, o que soa forçado e desconexo.

Embora Montoya mereça um título que faça justiça à sua história, este quadrinho não é o momento certo para ela brilhar. A série é um exemplo de desperdício de potencial para uma personagem que, em um contexto mais bem desenvolvido, poderia ter um papel muito mais significativo e impactante no universo DC.

 Uma História de Pouco Valor

No geral, "Torre de Vigia #4" é uma bagunça visualmente desinteressante e narrativamente pobre. A série não apenas ignora as convenções do universo DC, mas também abusa de clichês para tentar manter o ritmo da história. Além disso, a falta de um arco coerente para os personagens principais, como Cyborg Superman e Renee Montoya, e a escolha de vilões fracos, resultam em uma trama que nunca consegue gerar a tensão ou o impacto que se espera de uma história dentro do universo da DC Comics.

Se você está comprando esta edição na esperança de que Renee Montoya finalmente tenha a chance de brilhar em um título que faça justiça a ela, pode ser melhor esperar por outra oportunidade. Por agora, "Torre de Vigia #4" parece existir apenas para explorar o apelo do Questão, sem realmente adicionar algo significativo à mitologia da DC.

Recomendado apenas se você deseja apoiar Renee Montoya na esperança de que um dia ela tenha uma história que realmente a faça brilhar, mas não espere encontrar uma narrativa envolvente ou bem construída nesta edição.

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