Análise Detalhada de Catwoman #73: Uma Jornada Global, Mas Sem Alma
Catwoman #73, publicado em 19 de fevereiro de 2025 pela DC Comics, marca uma nova fase da personagem Selina Kyle, com um enredo que mistura mistério, ação e espionagem. No entanto, enquanto o conceito de uma Catwoman viajando pelo mundo e enfrentando forças sombrias pode soar promissor, a execução do roteiro e a construção dos personagens deixam a desejar. Vamos explorar mais profundamente os principais aspectos dessa edição, abordando tanto suas qualidades quanto seus pontos fracos.
O Enredo e a Introdução ao Conflito
A trama de Catwoman #73 começa anos atrás, com Selina Kyle, sob a identidade de Evie Hall, encontrando a família Belov torturando um homem em um porão. Agora, em Tóquio, o chefe da família, Alexander Belov, descobre que “Evie” está viva e começa a caçá-la. O enredo segue Selina enquanto ela tenta se esconder da vigilância constante de Belov, se infiltrando entre novos aliados, mas sempre sendo perseguida pelas sombras da sua antiga vida. Uma sequência de ação e fuga se desenrola, com Selina obtendo ferramentas, um esconderijo seguro e até explosivos para destruir o império Belov.
A ideia de um road trip global de Catwoman, em que ela busca descobrir quem quer matá-la enquanto lida com suas identidades passadas, é de fato intrigante. No entanto, como veremos, a execução do enredo falha em capturar o que deveria ser uma história cheia de suspense e mistério.
Personagens e Aliados Sem Profundidade
Um dos maiores problemas desta edição é a falta de desenvolvimento de personagens. Os vilões, especialmente a família Belov, são retratados de maneira excessivamente genérica. Alexander Belov e sua rede de criminosos não têm profundidade suficiente para causar impacto. Eles são simplesmente gangsters maus, sem características ou motivações claras que os tornem memoráveis. Essa falta de nuances torna difícil para o leitor se conectar com a ameaça que eles representam para Selina.
Da mesma forma, os aliados de Selina, com quem ela se encontra durante sua jornada, possuem potencial, mas são rapidamente esquecidos. Eles são introduzidos com breves momentos de interação, mas desaparecem sem deixar um impacto duradouro. Isso resulta em um enredo que carece de um núcleo emocional forte, fazendo com que o leitor se sinta mais distante da protagonista.
A Autoria de Torunn Gronbekk: Falhas na Execução
O roteiro de Torunn Gronbekk apresenta uma escrita polida, mas peca em termos de profundidade e construção de mundo. Embora o conceito de Catwoman em busca de respostas sobre sua identidade passada seja interessante, Gronbekk não consegue criar uma conexão entre o público e os personagens que Selina encontra ao longo da história. A ausência de diferenciação nas motivações e características dos vilões e aliados torna difícil para o leitor se envolver com a narrativa.
Um exemplo disso é o diálogo em que, por duas páginas, a personagem participa de uma conversa sobre “mulheres são engraçadas?”. Esse tipo de discussão, embora possa ser interessante em um contexto mais amplo, não agrega nada à trama de Selina ou ao desenvolvimento de sua personagem. Pelo contrário, quebra o ritmo da narrativa e dilui a tensão que deveria estar presente no enredo.
A Ação: Ritmo Lento e Falta de Atmosfera
Em termos de ação, Catwoman #73 também deixa a desejar. Quando Selina coloca sua máscara e se prepara para atacar a sede dos Belov, o momento parece promissor, mas rapidamente perde impacto. O combate contra o hitman torturado e a fuga subsequente são pouco empolgantes, com uma execução que parece sem vida. O uso de iluminação plana e a escolha peculiar de tornar o fumaça de armas de um tom amarelo pálido retiram a seriedade das cenas, fazendo-as parecer mais florais do que ameaçadoras.
A falta de atmosferas vibrantes, sombras dramáticas ou qualquer tipo de energia visual faz com que a ação se sinta sem peso, o que é um grande contraste com o potencial da própria personagem. Catwoman, uma heroína conhecida por sua agilidade e habilidades furtivas, deveria ter cenas de ação que refletissem sua destreza, mas, infelizmente, isso não acontece aqui.
A Arte de Marianna Ignazzi: Estilo e Subjetividade
A arte de Marianna Ignazzi oferece um estilo distinto, mas não é capaz de salvar o ritmo irregular da história. Embora o visual não seja de todo ruim, ele não consegue elevar as cenas de ação ou criar uma atmosfera tensa que a narrativa exige. A arte não transmite a tensão que Catwoman deveria estar sentindo ao invadir um inimigo tão poderoso quanto os Belov. As escolhas de composição, especialmente na sequência de ação, não fazem justiça ao potencial visual do personagem.
Capas Variantes: Atraentes, mas Não Compensam o Conteúdo
As capas variantes de Catwoman #73 são, de longe, os aspectos mais notáveis da edição. Seba Fiurmara cria uma capa principal estilosa, mostrando Selina escalando um prédio em Tóquio, com uma chave dourada brilhante em seu cinto, um detalhe que é significativo dentro da história. Frank Cho também apresenta uma capa atraente com Selina em sua nova roupa, criando uma atmosfera mais sensual e misteriosa. Embora estas capas sejam de alta qualidade, elas não refletem adequadamente a falta de profundidade e a frustração presentes dentro da edição.
Uma Oportunidade Perdida
No fim das contas, Catwoman #73 se apresenta como uma oportunidade perdida. A ideia de uma Selina Kyle viajando pelo mundo, enfrentando inimigos e tentando desvendar o mistério de quem está tentando matá-la, é excelente. No entanto, a falta de desenvolvimento de personagens, a fraca construção dos vilões e aliados, e a ação sem impacto tornam essa edição esquecível.
Torunn Gronbekk, embora habilidosa na escrita, não consegue criar um enredo que faça com que o leitor se importe verdadeiramente com os eventos que estão ocorrendo. A trama, que deveria ser cheia de mistério e adrenalina, acaba sendo uma experiência medíocre, sem personagens que se destaquem ou que ofereçam um impacto real. O conceito é sólido, mas a execução não entrega o que promete.