Análise de Wolverine: Revenge #4 – Uma Jornada Visual e uma Trama sem Direção
Quando se fala em Wolverine, a palavra "vingança" é inevitavelmente associada à sua história, seja em sua busca pessoal ou nas lutas contra seus inimigos mais icônicos. No entanto, em Wolverine: Revenge, a trama parece ser menos sobre uma narrativa profunda e mais uma oportunidade para um espetáculo visual. Enquanto os primeiros números da série entregaram o esperado, a questão aqui é se a história realmente justifica a continuidade, ou se estamos apenas assistindo a uma sequência de confrontos sem propósito maior. Em sua quarta edição, Wolverine: Revenge busca avançar na saga do anti-herói, mas acaba deixando algumas questões em aberto e, possivelmente, insatisfeitas.
Uma Nova Direção e Uma Atmosfera de Western
A edição começa com um Logan em estilo cowboy, chegando a uma cidade 20 anos após os eventos da edição anterior. A ambientação, que lembra fortemente o gênero western, parece um pouco deslocada, já que a escolha de colocar Wolverine nesse cenário pós-apocalíptico parece ser mais uma questão estética do que uma necessidade narrativa. Greg Capullo, o talentoso artista por trás desta edição, parece querer explorar o tema de Wolverine em um contexto de faroeste, provavelmente pelo charme visual e pela ideia de um homem solitário vagando pelo deserto, mas não há uma justificação clara para isso dentro da trama. O cenário de uma sociedade que “desmoronou” apenas serve como pano de fundo para a jornada de um Logan que, aparentemente, tenta superar seu desejo de vingança e se tornar algo mais, talvez um herói.
No entanto, a transição de Wolverine para uma figura mais "sábia" e menos impulsiva não é completamente convincente. Forge, um aliado de longa data, sugere que Wolverine deixe o passado para trás, tentando convencê-lo de que ele agora deveria ser mais que um simples caçador de vingança. Isso, no entanto, parece forçado, pois o enredo não consegue criar uma base sólida para a mudança de comportamento de Wolverine de forma palpável. O diálogo de Forge tenta estabelecer um novo tom, mas não há um desenvolvimento profundo que faça o leitor sentir que realmente houve uma evolução no personagem.
O Confronto com Sabretooth: Mais do Mesmo
O coração desta edição é a confrontação de Wolverine com Sabretooth, uma das rivalidades mais emblemáticas do personagem. O confronto, no entanto, não é algo especialmente novo ou revelador. A luta se baseia principalmente em palavras e filosofia, com Wolverine sendo desafiado a controlar seus instintos e deixar de lado suas urgências primitivas. É uma discussão interessante, mas que falha em trazer algo de verdadeiramente novo ou relevante para a dinâmica entre esses dois personagens.
A batalha física que se segue é intensa, mas não há muita surpresa ou complexidade na execução. Como esperado, o combate não adiciona nada substancial à relação de Wolverine com Sabretooth, o que torna o evento mais uma repetição do que uma evolução. Este tipo de interação poderia ter sido mais significativo se o escritor tivesse investido mais em suas dinâmicas emocionais, em vez de apenas recorrer a um combate anual que segue um padrão previsível.
A Arte de Greg Capullo: O Grande Atrativo da Edição
É inegável que Greg Capullo continua a ser o verdadeiro ponto alto desta edição. Sua habilidade em criar cenas de ação viscerais e dinâmicas é inquestionável. As sequências de luta são bem elaboradas e repletas de intensidade, com um uso notável de detalhes na ilustração de cada golpe e movimento. O estilo de Capullo é sempre impactante, e isso é especialmente evidente na brutalidade da luta que Wolverine enfrenta contra quatro vilões. A arte bruta e detalhada traz um vigor que provavelmente irá agradar tanto os fãs de super-heróis quanto os de ação mais pesada. A forma como Capullo trabalha a tensão, usando uma abordagem quase cinematográfica, garante que, visualmente, o quadrinho seja emocionante e envolvente, mesmo que a narrativa não faça o mesmo.
Problemas de Ritmo e Falta de Propósito Narrativo
A maior falha de Wolverine: Revenge #4, no entanto, está em seu ritmo e na falta de propósito narrativo. O enredo parece dar voltas em torno de si mesmo, com a vingança de Logan já consumada e o conflito com Sabretooth apenas sendo uma reciclagem de temas já explorados. A introdução de novos vilões, como o ser grotesco que envolve Wolverine em uma batalha de contaminação e agressão física, é chocante e visualmente interessante, mas falta uma base emocional que faça o leitor se importar com o desfecho. O uso de vilões desconhecidos e a revelação de um novo inimigo no cliffhanger só adicionam uma camada de misterioso sem importância, já que o leitor não tem nenhuma conexão com esse antagonista. Isso resulta em uma conclusão que se sente desnecessária, sem um gancho que realmente prenda a atenção para o próximo número.
A Troca de Coloristas: Uma Mudança Perceptível
Outro ponto que merece menção é a mudança no colorista. FCO Plascencia, que coloriu a maior parte do trabalho de Capullo, não participa desta edição, sendo substituído por Alex Sinclair. Embora Sinclair tenha feito um bom trabalho, a diferença é notável. O estilo de Plascencia é mais limpo e vibrante, enquanto o de Sinclair é mais áspero e intenso, o que muda um pouco a dinâmica visual da obra. Embora o trabalho de Sinclair não seja ruim, a falta da suavidade e da fluidez do trabalho de Plascencia faz a arte parecer um pouco descompassada, em comparação com as edições anteriores.
Uma Edição Visualmente Deslumbrante, Mas Sem Profundidade
Wolverine: Revenge #4 é, sem dúvida, uma edição que se destaca pela sua arte de alta qualidade, especialmente as sequências de ação desenhadas por Greg Capullo. No entanto, a falta de um propósito narrativo sólido e a falta de profundidade nos personagens e conflitos fazem com que esta edição seja mais uma vitrine de belas ilustrações do que uma história significativa. A introdução de novos vilões e o cenário western são interessantes visualmente, mas não contribuem substancialmente para a evolução de Wolverine ou para a continuidade de sua jornada. Sem uma verdadeira conexão emocional com o enredo, o quadrinho se torna mais uma experiência visual do que uma história relevante para os fãs do personagem.
Em suma, Wolverine: Revenge #4 é uma edição que provavelmente agradará aos fãs de ação e de arte de Capullo, mas deixa a desejar em termos de narrativa, não oferecendo muito além de uma série de confrontos que parecem ter pouco propósito.