Ofertas do dia da Amazon!

JSA #3 - Crítica

 Análise de JSA #3: Entre Desafios Pessoais e Demônios Arquetípicos, O Dilema de uma Equipe em Busca de Propósito

A nova edição de JSA #3, escrita por Jeff Lemire e com arte de Diego Olortegui, oferece um episódio repleto de ação e introspecção. A equipe dividida enfrenta diversos desafios: Hawkman contra os Demônios 3, Dr. Midnight contra Obsidian, e Dr. Fate contra a ISA. Enquanto isso, personagens como Sand, Jade e Hawkgirl se deparam com questões mais pessoais. Como um todo, a edição apresenta momentos de tensão, mas também levanta questões sobre a direção e a coesão da história.

Positivos: Os Pontos Altos de JSA #3

Diego Olortegui e a Arte que Eleva o Drama e a Ação

Diego Olortegui continua impressionando com seu trabalho artístico, capturando tanto a grandeza épica das batalhas quanto a profundidade emocional dos personagens. Sua habilidade em ilustrar momentos de tensão é notável: desde Hawkman sendo capturado, até a ameaça iminente que Obsidian representa para Dr. Midnight. Olortegui consegue transmitir, com precisão, o estado emocional de cada personagem, seja através da raiva de Carter Hall, da angústia de Jennie-Lynn Hayden, ou da incerteza de Khalid Nassour. Essa sensibilidade visual é crucial para dar vida à narrativa, especialmente em uma história que equilibra tanta ação com questões íntimas.

Uma Homenagem ao Passado com os Demônios 3

Em um movimento que certamente agradará aos fãs mais veteranos da DC, Jeff Lemire faz um retorno ao arsenal clássico da DC ao trazer de volta os Demônios 3: Rath, Ghast, e Abnegazar, vilões que apareceram pela primeira vez em Justice League of America #10 (1962). Esse tipo de reconexão com o passado da DC serve tanto como uma homenagem quanto como uma forma de explorar o que já foi estabelecido, ao mesmo tempo em que oferece novos desafios para os heróis da JSA. Para os fãs da Golden Age e da rica história da Liga da Justiça, esse tipo de referência é um deleite, adicionando uma camada de nostalgia e profundidade à narrativa.

A Arte de Capturar Emoções Complexas e Conflitos Pessoais

Ao longo da edição, o trabalho de Olortegui vai além das batalhas intensas, explorando o lado psicológico dos personagens. Khalid Nassour, como o novo Dr. Fate, está claramente atormentado, lidando com responsabilidades que não escolheu, enquanto o Dr. Midnight de Beth Chapel demonstra uma complexidade de emoções em sua luta com Obsidian. Ted Grant, com sua paixão, e Alan Scott, com sua preocupação, são outros exemplos de como Olortegui é capaz de capturar nuances e transmitir sentimentos através da arte, criando uma narrativa visual rica e envolvente.

Negativos: Problemas de Coesão e Uso Questionável de Personagens

Kendra Saunders: Uma Personagem Fora de Lugar?

Apesar de ser uma personagem importante na mitologia da JSA, Kendra Saunders parece deslocada nesta edição. Sua presença na equipe e sua relação com Carter Hall geram questionamentos sobre o uso de continuidade. Lemire sugere que KendraCarter como uma espécie de “irmão mais velho”, o que, no contexto da história, cria uma tensão estranha e desconfortável. Para muitos leitores, a ideia de Kendra se relacionar com Carter após ele ter sido uma das reencarnações de Shiera/ Shayera é algo problemático e difícil de justificar, especialmente considerando o histórico de sua relação com Shiera. Embora o escritor tente criar um conflito interno para Kendra, isso apenas agrava a sensação de incesto implícito, o que faz essa parte da história desconfortável e difícil de engolir.

Falta de Explicações Claras e Continuidade Confusa

Outro ponto que preocupa é a abordagem de Lemire em relação ao Carter Hall e sua última vida, um aspecto importante da mitologia do personagem que foi explorado na série de Robert Venditti sobre Hawkman. Lemire menciona que esta é a última vida de Carter, mas a história não esclarece como chegamos até esse ponto, deixando um vazio narrativo que impede os leitores de se conectarem totalmente com a jornada do personagem. Kendra, sem Shiera, parece deslocada, e os leitores ficam com a sensação de que falta uma explicação mais profunda sobre a transição entre as reencarnações e o impacto disso no relacionamento entre ela e Carter.

A Superlotação de Subtramas: Um Desafio de Foco

O maior desafio de JSA #3, no entanto, é o excesso de subtramas. Lemire tenta cobrir diversos aspectos da história, mas isso resulta em uma dispersão de foco. Cada membro da equipe está enfrentando uma luta pessoal ou épica: Hawkman contra os Demônios 3, Dr. Midnight contra Obsidian, Dr. Fate contra a ISA. Enquanto isso, Sand, Jade e Hawkgirl enfrentam questões mais íntimas e emocionais. No entanto, a edição não tem espaço suficiente para aprofundar todas essas histórias com a profundidade que elas merecem, o que resulta em uma sensação de sobrecarregamento narrativo. A falta de tempo e espaço para desenvolver completamente as tramas deixa alguns momentos importantes se sentindo apressados ou incompletos.

Beth Chapel e a Subutilização de Dr. Midnight

Embora Beth Chapel tenha sido uma adição interessante à JSA nas décadas passadas, sua versão de Dr. Midnight não tem o mesmo impacto que a versão de Pieter Cross. Beth parece estar ocupando o papel de Pieter, mas sem a mesma profundidade e relevância que o personagem teve na equipe, especialmente durante os anos 2000. A sequência dela enfrentando Obsidian se torna anticlimática, já que o mistério sobre o vilão já foi resolvido na edição anterior, deixando pouca tensão na situação. Beth Chapel parece estar preenchendo uma vaga em vez de trazer algo único para a dinâmica da equipe, o que prejudica o desenvolvimento da história e a autenticidade de seu personagem.

 Uma Jornada Repleta de Potencial, Mas Faltando Coesão

JSA #3 tem muitas ideias interessantes, mas a execução não consegue acompanhar o ritmo necessário para fazer justiça a essas tramas. A arte de Diego Olortegui é um dos pontos fortes da edição, transmitindo uma grande carga emocional e ação com perfeição, mas o enredo, escrito por Jeff Lemire, luta para encontrar equilíbrio. As subtramas se acumulam, e personagens importantes como Kendra Saunders e Beth Chapel são mal aproveitados, deixando o leitor com a sensação de que há um desperdício de potencial narrativo.

Embora a edição traga boas ideias, como a exploração dos Demônios 3 e a tentativa de aprofundar o drama pessoal de Carter Hall e seus aliados, o uso questionável de continuidade e a falta de clareza nas motivações dos personagens tornam esta edição mais confusa do que satisfatória. Para a série seguir em frente de forma bem-sucedida, é essencial que Lemire refine a narrativa, focando mais nas relações interpessoais e no desenvolvimento de personagens, para que cada um dos membros da JSA tenha o destaque e a evolução que merecem.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem