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 Den of Thieves: Pantera – O Dilema da Continuação e o Desafio de Superar a Surpresa

Em 2018, Den of Thieves capturou a atenção do público ao misturar elementos de ação pesada com uma trama de assalto inteligente, se tornando uma experiência que extrapolava a típica fórmula de filme de crime. Com Gerard Butler no papel de Nick O’Brien, um policial duro e determinado, o filme apresentou um plot twist impactante no final e surpreendeu os espectadores com sua combinação de ação de alto nível e complexidade no desenvolvimento de personagens. A inesperada popularidade de Den of Thieves fez com que muitos começassem a enxergar Butler sob uma nova ótica, apreciando sua masculinidade rústica e até mesmo seu esforço com um acento americano peculiar. Isso foi o suficiente para lançar sua carreira em uma nova direção, e os filmes de ação que se seguiram pareceram beneficiar-se dessa nova apreciação. Mas, sete anos depois, chegamos à continuação: Den of Thieves: Pantera, que, embora carregue a promessa de mais ação e mais intriga, enfrenta o desafio de tentar repetir o efeito surpresa do primeiro filme, sem um truque tão eficaz à vista.

Uma História de Heist em Busca de Clareza

Logo de início, Den of Thieves: Pantera parece ter o que muitos filmes de ação pedem: um gancho intrigante. Donnie (O’Shea Jackson Jr.), o cérebro por trás do grande roubo no filme anterior, fugiu para a Europa com seus lucros, mas como a vida de um criminoso nunca é tranquila, ele ainda está em busca de um novo grande golpe. O filme começa com um assalto em que ele tenta levantar capital para um novo plano ambicioso, só para se complicar com a chegada de Nick O’Brien (Gerard Butler), o policial implacável que ele enganou na história passada. O problema aqui, e que se torna um desafio durante todo o filme, é que as motivações de Nick não estão totalmente claras. Embora o filme sugira que a dedicação de Nick ao trabalho tenha custado sua família, a relação com Donnie não parece ser uma questão de vingança pessoal, mas sim de Nick querendo entrar na ação de alguma forma, por razões um tanto nebulosas.

Aqui, Den of Thieves: Pantera encontra um obstáculo crítico: o que torna as ações dos personagens compreensíveis e fascinantes no primeiro filme – uma busca implacável por justiça ou lucro – aqui parece ser diluído em uma série de reviravoltas e cenas que carecem de um sentido narrativo claro. E essa falta de clareza no que está realmente acontecendo é um problema significativo que paira sobre o filme. O roteiro de Christian Gudegast, também diretor, tenta tecer uma história cheia de complicações, mas acaba se perdendo em suas próprias ambições. À medida que os personagens trocam alianças e se envolvem em missões cada vez mais complexas, fica mais difícil entender o que realmente está em jogo.

A Química Entre Gerard Butler e O’Shea Jackson Jr.

Onde Den of Thieves: Pantera realmente encontra sua força, no entanto, é na relação entre os dois protagonistas. O’Shea Jackson Jr. e Gerard Butler fazem uma dupla surpreendentemente eficaz. Jackson, com seu charme descontraído e a semelhança com seu pai, Ice Cube, traz uma sensibilidade única ao seu personagem, tornando Donnie mais do que apenas um criminoso impiedoso. Ele exibe pequenas faíscas de calor e humor, o que ajuda a suavizar a imagem do papel de “bad boy”. Já Butler, com sua barba desgrenhada, cigarro sempre à mão e atitude de desdém, se transforma em um policial destemido, mas de certa forma mais despreocupado do que o sério Nick do filme anterior. Eles oferecem ao público o que parece ser uma dupla improvável, mas que, paradoxalmente, traz uma certa diversão inesperada para a trama.

O filme, de fato, se destaca em momentos mais íntimos e surpreendentemente leves, como a cena em que Donnie e Nick se encontram para um jantar em um restaurante depois de uma noite de bebedeira. A troca de histórias pessoais entre os dois personagens, acompanhada por um late-night shawarma, é um dos momentos mais eficazes do filme, onde se vê os personagens tentando se conectar em um nível humano. Essa química improvisada entre os dois é refrescante, mas, como muitos momentos em Pantera, também acaba se dissipando à medida que o enredo se desenrola.

Desafios Narrativos e Falta de Clareza

O que começa como uma história de amigos se tornando inimigos e tentando entender os limites entre crime e lei rapidamente se torna mais confuso. Durante grande parte do filme, há intensos tiroteios e sequências de ação, mas o que falta são as motivações claras que fizeram o primeiro filme ser tão intrigante. Um dos momentos de ação mais notáveis – uma sequência de perseguição de carros – lembra muito as famosas cenas de ação de Fast & Furious, mas, ao contrário da franquia, onde a adrenalina é fácil de entender e se manter, em Pantera as cenas de ação não são muito bem fundamentadas. Muitos dos personagens coadjuvantes, um bando de europeus brancos semelhantes, dificultam a identificação de quem está caçando quem, o que prejudica a tensão da cena.

Além disso, Den of Thieves: Pantera tenta manter a estética de filmes de assalto mais sofisticados, com locações reais, diálogos carregados de personagens e uma abordagem mais realista das ações criminosas. No entanto, essa tentativa de emular o estilo dos clássicos do gênero, como Heat, acaba sendo inconsistente. Gudegast, apesar de algumas cenas de diálogo interessantes, muitas vezes parece estar se esquivando de um equilíbrio eficaz entre ação e profundidade, dando a impressão de que o filme se perdeu no processo.

Emoções e Motivação em Um Filme de Crime

À medida que o filme avança, algo curioso acontece: Nick, que no começo parecia apenas um policial durão em busca de justiça, começa a exibir uma vulnerabilidade emocional. Ele demonstra uma certa nostalgia melancólica, principalmente ao interagir com Jovanna (Evin Ahmad), uma integrante da equipe de Donnie. Isso poderia ser interessante, se não fosse por uma falta de consistência nas motivações dos personagens. Os personagens se tornam ações abstratas que seguem um padrão pouco claro, mais orientados por uma lógica própria do que por qualquer coisa plausível ou tangível. Isso dá ao filme uma qualidade que lembra diretores alternativos como Tyler Perry ou Zack Snyder, onde as ações dos personagens parecem seguir regras próprias e não necessariamente refletir o mundo real.

 Pantera e o Legado de Den of Thieves

Den of Thieves: Pantera é um filme de ação com momentos marcantes, mas com um roteiro que falha em transmitir o mesmo impacto narrativo que o original. Gerard Butler e O’Shea Jackson Jr. formam uma boa dupla, mas a trama em si perde muito de sua clareza e força ao longo do filme. O que poderia ter sido uma evolução natural da franquia acaba se tornando uma sequência confusa, onde personagens e suas motivações se tornam difusos. A falta de um grande plot twist ou de uma revelação satisfatória impede o filme de repetir o impacto do original. Para os fãs de ação, ainda há diversão em algumas das cenas de tiroteio e perseguições, mas para aqueles que esperam uma narrativa coesa, Pantera deixa a desejar.

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