Análise de Wonder Woman #16: A Fúria e a Narrativa Expandida de Tom King
Wonder Woman #16 continua a saga da Fúria, que aos poucos vai se encaminhando para o clímax da história do Sovereign, que teve início na edição #1 da nova fase da Mulher-Maravilha. Como nas edições anteriores, a narrativa se afasta um pouco do foco principal em Diana, centrando-se em personagens coadjuvantes que atuam contra o Sovereign enquanto a heroína continua a viver o desafio de ser mãe, em um processo de vinculação com seu recém-nascido. Nesse número, a trama é liderada por Detective Chimp, um personagem secundário que tem ganhado mais destaque nas histórias da Mulher-Maravilha nos últimos tempos, especialmente após sua participação em um dos tie-ins escritos por Tom King durante o evento Absolute Power.
A Abordagem Única de Tom King com Personagens Menos Conhecidos
Tom King sempre demonstrou grande apreço por personagens que, com frequência, são relegados a papéis menores ou são usados apenas em histórias de equipes ou como personagens secundários. Ao longo de suas séries na linha DC Black Label, como Danger Street, Mister Miracle, Strange Adventures e Jenny Sparks, ele teve a chance de focar exclusivamente nesses personagens, explorando suas histórias e complexidades de maneiras profundas e inesperadas. Portanto, o uso de Detective Chimp como o personagem central de Wonder Woman #16 faz total sentido dentro dessa perspectiva, já que King é mestre em dar vida a heróis menos destacados.
O roteirista faz um excelente trabalho ao mostrar as habilidades de detetive do personagem. O objetivo dessa edição é descreditar o Sovereign, após sua fortuna ser tirada dele no número anterior. É interessante ver o Sovereign frustrado com o andamento dos acontecimentos, especialmente quando ele se vê em uma posição em que um grande segredo sobre a divulgação da história para a imprensa é finalmente revelado. Esse embate de inteligência entre Detective Chimp e o Sovereign dá um tom de mistério e diversão ao arco, deixando os leitores curiosos sobre as reviravoltas que ocorrerão.
A Arte de Bruno Redondo: Uma Abordagem Cativante para uma História Leve
Bruno Redondo, conhecido por seu trabalho preciso e dinâmico, assume os lápis principais dessa edição e entrega um trabalho impressionante. Embora a ação seja limitada, o tom cômico e leve da história permite que Redondo explore sua habilidade em transmitir emoções complexas de maneira visual. Ele é particularmente eficaz em capturar a frustração do Sovereign, cujas expressões e posturas demonstram claramente o quanto ele está se sentindo pressionado pela situação em que se encontra, especialmente quando Detective Chimp aparece nos momentos mais inoportunos.
A arte de Redondo, com seus desenhos suaves e cenas bem construídas, é uma excelente escolha para essa edição, que traz um equilíbrio entre mistério, humor e tensão. A composição das cenas, a movimentação dos personagens e a forma como ele trabalha com a expressão facial fazem dessa edição um verdadeiro deleite visual.
A História de Backup: Jimmy Olsen e a Exposição nas Mídias Sociais
A edição também apresenta uma história de backup desenhada por Khary Randolph, que traz Jimmy Olsen investigando e expondo o Sovereign em seu canal de mídia social. Embora essa história seja divertida e apresente uma nova perspectiva sobre os eventos ao redor do Sovereign, ela não oferece muitos detalhes novos que não tenham sido explorados na história principal ou em edições anteriores. Em vez disso, serve como uma recapitulação das ações do Sovereign, trazendo uma sensação de fechamento para aqueles que podem ter perdido algum detalhe das edições passadas.
O Mistério de Emelie e a Falta de Resolução
Uma das maiores perguntas que permanece sem resposta até o número 16 de Wonder Woman é: o que aconteceu com Emelie? Para os fãs que acompanharam as edições anteriores, a trama envolvendo Emelie foi uma das principais motivações da Mulher-Maravilha durante a primeira parte da série, quando ela buscava respostas após a luta em um bar que resultou na proibição das Amazônias nos Estados Unidos. Emelie também era uma das figuras centrais em Themyscira, sendo descrita como uma mulher grávida que Diana enfrentou durante a infiltração no julgamento na ilha. No entanto, Wonder Woman #16 parece ter deixado a trama de Emelie de lado, com a maternidade de Diana e o nascimento de seu filho substituindo essa história de maneira abrupta.
Apesar de ser uma introdução interessante para o arco da Trindade, a ausência de Emelie em um momento chave levanta questões sobre sua importância na trama geral. Tom King, que é um escritor habilidoso, certamente tem algo em mente para resolver esse mistério. Fica a expectativa de que a história de Emelie seja retomada ou que o conflito global entre os Estados Unidos e Themyscira tenha algum tipo de resolução enquanto o arco do Sovereign chega ao fim.
Uma Edição Divertida e Cheia de Potencial
Em Wonder Woman #16, Tom King entrega uma história envolvente, com uma narrativa bem balanceada entre mistério, ação e humor. Focar em personagens coadjuvantes, como Detective Chimp, permite que a série expanda seu universo e ofereça novas perspectivas sobre os eventos principais, sem perder de vista a essência de Diana e sua missão. A arte de Bruno Redondo complementa perfeitamente a história, trazendo leveza e expressividade para um número mais focado no desenvolvimento dos personagens.
Embora a ausência de uma conclusão para a trama de Emelie deixe algumas questões no ar, a edição ainda é uma leitura agradável, especialmente para os fãs das abordagens únicas de Tom King. Com o arco do Sovereign se aproximando de sua conclusão, é provável que a história de Wonder Woman se encaminhe para um desfecho igualmente emocionante e cheio de reviravoltas.
Wonder Woman #16 é uma ótima pedida para quem adora histórias que exploram os lados menos vistos de heróis e vilões, e deixa os leitores ansiosos pelo que vem a seguir.