Poison Ivy #28: Uma Jornada Visual e Narrativa com Altos e Baixos
O novo capítulo de Poison Ivy #28 mergulha profundamente em temas de equilíbrio e poder, trazendo novos desafios para a personagem titular enquanto ela enfrenta uma ameaça crescente que ameaça desestabilizar o mundo natural. A história se desvia um pouco de suas premissas anteriores, com elementos que vão de momentos de pura impressão visual a aspectos narrativos que, por vezes, não conseguem sustentar o mesmo nível de envolvimento. Vamos analisar os pontos-chave deste número, destacando suas forças e fraquezas, bem como a arte impressionante que define o tom da edição.
A Ordem do Cavaleiro Verde e o Equilíbrio do Verde e do Cinza
O enredo de Poison Ivy #28 começa com a chegada de A Ordem do Cavaleiro Verde, um grupo misterioso que viajou desde Seattle até o local de Ivy, em resposta a um sonho de seu discípulo. Esses indivíduos têm como objetivo alertar Ivy sobre a crescente distorção entre o verde (representando a natureza) e o cinza (representando os fungos e lamia esporas). A história, em grande parte, gira em torno de Ivy tentando lidar com esse desajuste cósmico que a envolve, ao mesmo tempo em que enfrenta a responsabilidade de ser vista como uma deusa por uma facção crescente, algo que não esperava em sua jornada.
Quando Bog Venus, uma figura imponente do mundo dos pântanos, explica a Ivy que seu uso do poder das esporas (do cinza) interrompeu o equilíbrio natural, a missão de Ivy se torna clara: ela deve impedir aqueles que a veneram como uma divindade para restaurar o equilíbrio perdido. Embora o conceito de balanceamento entre forças opostas seja fascinante, o tratamento dado a essa teoria é, muitas vezes, um tanto impreciso e até um pouco difícil de acompanhar. A explicação sobre o conflito entre o verde e o cinza é interessante, mas a execução acaba sendo um pouco vaga e excessivamente teórica.
O Impacto Visual de Marcio Takara: O Conselho das Árvores
Apesar da complexidade um pouco superficial da trama, a arte de Marcio Takara eleva a edição a um novo nível. Um dos maiores destaques de Poison Ivy #28 é a cena do Conselho das Árvores, onde Ivy encontra as criaturas lendárias, Xylon e Bog Venus. Esses oito páginas de pura arte podem ser consideradas o ponto alto da edição. Takara, com sua paleta vibrante e dinamismo visual, cria uma atmosfera quase onírica, em que o leitor sente a tensão e o poder dessa reunião das forças da natureza.
A mistura de elementos naturais — o céu estrelado, a névoa e o cenário sombrio — dá uma sensação de que estamos presenciando um evento cósmico de consequências catastróficas. Bog Venus, com sua presença caribenha única e olhos brilhantes e vazios, e Xylon, com sua rigidez cristalizada, são representações visualmente deslumbrantes de forças primordiais, dando a essa cena uma sensação de grandiosidade e mistério. Takara não apenas cria criaturas impressionantes, mas também captura a magnitude do que está em jogo de uma maneira que transcende as palavras do roteiro.
A arte de Takara nesse ponto não é apenas eficaz — é hipnotizante, e a maneira como ele transmite o desespero da situação, com cores saturadas e uma sensação de fim de mundo, confere à obra uma dimensão emocional que compensa em muito as falhas do enredo. A experiência visual dessas páginas pode até mesmo convencer os leitores a explorar mais profundamente o universo dos Swamp Things, especialmente para aqueles que, como o próprio crítico, não estão profundamente envolvidos no lore de Swamp Thing.
A Questão de Janet e Croc: Uma Subtrama Questionável
Em contraste com o deslumbrante trabalho visual e a jornada de Ivy, uma das subtramas da edição se destaca por seu tom de absurdo e futilidade. Ivy entra em um clichê cómico ao encontrar Janet, sua colega de trabalho, dormindo com Killer Croc. Esta cena é, no mínimo, uma jogada provocativa, aparentemente pensada para criar uma reação em alguns fãs, mas que, ao final, acaba sendo irrelevante para o enredo principal.
A personagem Janet, uma adição recente à trama, tem sido cada vez mais vista como uma ferramenta para gerar discussões e reações nas comunidades de fãs, mais do que como um personagem real ou significativo dentro da narrativa. Sua função parece ser jogar com os clichês de personagens desnecessários, cuja principal contribuição ao enredo é provocar uma reação do público, seja de escândalo ou de aceitação. Essa inserção de Janet, junto com sua relação com Croc, parece mais uma manobra de trolls do que um desenvolvimento genuíno da trama, o que acaba minando o impacto emocional da história. Não há muito a ser ganho com essa subtrama, e ela só serve para desviar a atenção do tema central de Ivy e do equilíbrio ecológico que ela está tentando restaurar.
Narrativa e Diálogos: Entre a Beleza e a Frustração
Em termos de narrativa, G. Willow Wilson continua oferecendo uma escrita habilidosa, mesmo que a trama em si não se desvie muito da superfície. A narrativa interna de Ivy é reflexiva e cheia de insights, mas, como já mencionado, a história parece se arrastar por um caminho menos substancial em alguns pontos. A sequência onde Ivy persegue o monstro de esgoto, por exemplo, parece desnecessária e prolongada. Quatro páginas dedicadas a essa perseguição poderiam ter sido mais bem aproveitadas em outros aspectos da trama.
Por outro lado, a escrita de Wilson brilha no momento do Conselho das Árvores, onde a mística e os diálogos entre Ivy e as entidades do pântano são preenchidos com um senso de urgência e gravidade, mantendo um equilíbrio perfeito entre os diálogos altos e o ambiente visualmente impressionante.
Uma Edição Imperfeita, Mas Visualmente Brilhante
Embora Poison Ivy #28 tenha seus pontos fracos em termos de narrativa e algumas escolhas questionáveis de enredo, é impossível não recomendar a edição para qualquer fã de quadrinhos, especialmente devido à arte magnífica de Marcio Takara. As cenas do Conselho das Árvores, em particular, são verdadeiramente de tirar o fôlego e fazem a leitura valer a pena. O trabalho de Takara cria uma sensação de imersão no mundo natural, e a natureza deslumbrante e ao mesmo tempo ameaçadora de suas ilustrações torna este número uma das edições mais visualmente impactantes da série.
No entanto, é difícil ignorar o desperdício de tempo narrativo em algumas das subtramas, especialmente a de Janet e Croc, que pouco agregam ao desenvolvimento da personagem principal e ao tema central da história. Apesar dessas falhas, a edição ainda mantém seu charme e apelo, principalmente para aqueles que apreciam uma grande arte e uma narrativa visual imersiva. Poison Ivy #28 é, sem dúvida, uma edição que brilha mais por sua arte do que por seu conteúdo narrativo, mas vale a pena pela experiência visual única que oferece.