O Charme das Duplas Inusitadas: A Nova Aventura de Batgirl e Jimmy Olsen em "Super Pets"
Em um universo tão vasto e multifacetado como o dos quadrinhos da DC Comics, é sempre refrescante quando a narrativa foge das convenções e traz algo inesperado. Este é o caso de um arco recente que se destaca pela ousadia e pelo toque de nostalgia: a história onde Batgirl e Jimmy Olsen assumem os holofotes em uma aventura com um toque ligeiramente excêntrico, com uma forte ênfase no que poderia ser chamado de "bizarro", mas ainda assim muito divertido. Essa edição, publicada em 18 de dezembro de 2024, escrita por Mark Waid e ilustrada por Fran Galan, é um excelente exemplo de como a DC consegue balancear a tradição com a inovação, criando uma história que homenageia a Era de Prata dos quadrinhos enquanto insere elementos novos de forma eficiente.
O Enredo: Uma Mistura de Mistério e Ação
A história começa com uma épica batalha entre Superman, Batman e Robin, que enfrentam um vilão alienígena misterioso. Esse inimigo tem em seu poder um "olho cósmico", que é capaz de possuir um mundo alienígena inteiro. Após uma dura luta, os heróis conseguem derrotá-lo, mas descobrem que o vilão apenas perdeu um dos olhos, e o outro permanece em algum lugar do universo, sem que saibam exatamente onde.
Um Ano Depois: Os heróis principais – Superman, Batman e Robin – desapareceram misteriosamente, e Gotham City está mergulhada em uma crise de criminalidade crescente. Batgirl agora tem a missão de lidar com essa situação enquanto enfrenta outros acontecimentos estranhos pela cidade. Cães de Gotham começam a latir em uníssono, como se estivessem reagindo a algo que apenas eles podem ver – e esse fenômeno inclui o próprio Ace, o cachorro de Batman. Ao mesmo tempo, em Metrópolis, Jimmy Olsen tem um encontro inusitado com Krypto, o supercão, que o desperta de forma nada amigável.
A Dupla Improvável: Batgirl e Jimmy Olsen
Quando falamos de duplas inusitadas, Batgirl e Jimmy Olsen são uma escolha que foge do convencional. Embora Batgirl, uma das vigilantes mais competentes de Gotham, e Jimmy, o fotógrafo do Planeta Diário e eterno amigo de Superman, raramente tenham sido colocados como parceiros de combate ao crime, essa combinação oferece muito potencial para uma dinâmica divertida e, ao mesmo tempo, cheia de surpresas. A primeira interação entre os dois, como esperado, é marcada por desentendimentos e atritos. Jimmy, com sua natureza muitas vezes ingênua e cheia de boas intenções, nem sempre se encaixa no mundo mais sério e focado de Batgirl, que está lidando com as crescentes ameaças em Gotham.
No entanto, o verdadeiro destaque dessa colaboração vem dos super-pets que os acompanham. Krypto e Ace se tornam quase os verdadeiros protagonistas dessa história, dado o papel crucial que desempenham nas batalhas. Embora Batgirl e Jimmy formem uma aliança improvável, são os super-cães que realmente fazem o trabalho pesado. Krypto, com sua força e habilidades sobre-humanas, e Ace, o imbatível cão de Batman, provam ser as estrelas da história, roubando muitas das cenas e proporcionando momentos de ação vibrantes e bem-humorados.
Elementos da Era de Prata: A Nostalgia de Waid
Uma das características mais marcantes dessa edição é o jeito como Mark Waid consegue incorporar o espírito da Era de Prata dos quadrinhos, com seus elementos absurdos e exagerados, mas ao mesmo tempo faz com que eles funcionem dentro do contexto da narrativa atual. Jimmy Olsen, por exemplo, passa boa parte da história transformado em Elastic Lad – uma versão de si mesmo que pode esticar e contorcer seu corpo como um elástico, graças a um soro que Krypto lhe fornece. Esse tipo de bizarrice, que foi uma das marcas registradas da Era de Prata, é uma homenagem divertida ao passado, mas não parece deslocado na trama. Pelo contrário, a ideia de um Jimmy Olsen flexível e sem noção funciona perfeitamente dentro da proposta de uma história leve e cheia de ação.
Além disso, o elemento de misteriosos olhos cósmicos e a aparição de vilões intergalácticos com poderes além da compreensão são outros aspectos que resgatam o estilo único daquela época dos quadrinhos, quando os heróis enfrentavam ameaças mais surrealistas e grandiosas.
O Papel da Arte: Fran Galan em Seu Melhor
O estilo de Fran Galan complementa perfeitamente o tom dessa história, com uma arte vibrante e cheia de cores, que dá à trama um caráter lúdico, leve e, acima de tudo, visualmente cativante. A ação é dinâmica, as expressões dos personagens são intensas e as cenas de batalha, que envolvem os super-pets, são uma verdadeira festa para os olhos. Galan consegue transmitir a sensação de que, apesar das situações perigosas, o clima da história é leve e até mesmo divertido, uma característica rara em muitas das narrativas mais sombrias do universo DC.
Ritmo e Lore: Um Enredo Ágil e Sem Rodeios
Apesar de ser uma história bem recheada de eventos e reviravoltas, a narrativa não se perde em longos trechos de explicações ou lore excessivo. A introdução ao vilão e ao mistério cósmico é um tanto apressada, e os aspectos mais complexos do enredo acabam sendo tratados de forma mais superficial. No entanto, isso não prejudica a fluidez da história. Em vez disso, permite que o foco permaneça na interação dos personagens e na ação que se desenrola de forma ágil.
Diversão e Entretenimento para Todos
No final, essa edição de "Super Pets" é uma verdadeira celebração do entretenimento. Mark Waid consegue equilibrar elementos clássicos e novos com habilidade, oferecendo uma história que é ao mesmo tempo divertida e emocionante, mas também nostálgica e inovadora. A interação entre Batgirl e Jimmy Olsen, com o auxílio de Krypto e Ace, cria uma dinâmica refrescante, enquanto o estilo artístico de Fran Galan dá vida a essa narrativa de maneira vibrante.
Para os fãs de quadrinhos que apreciam uma boa dose de humor, ação e bizarriças clássicas, essa edição é imperdível. E, claro, a cena pós-créditos, com um suspense que aponta para mais aventuras com os super-pets, promete manter os leitores ansiosos para o que está por vir. Uma história leve, mas cheia de charme e emoção, que reafirma o poder dos quadrinhos como uma forma de entretenimento universal e atemporal.