J Mascis e "What Do We Now": Uma Confissão Inesperada
Confesso que tenho uma aversão a homens cantando. Não sempre, mas geralmente prefiro que não o façam. Em um episódio de Seinfeld, Jerry se recusa a assistir Mel Tormé cantar em um jantar beneficente, dizendo: "Não consigo ver um homem cantar uma música. Eles ficam emocionados, balançam. É embaraçoso." E, convenhamos, ele tem razão.
No entanto, por algum motivo inexplicável, J Mascis é uma exceção à minha regra.
Sei que é ridículo. A voz de Mascis, com seu timbre peculiar e desafinado, soa como um pássaro de desenho animado em agonia. Mas, como diz o ditado, o ouvido é um órgão caprichoso.
Para ser honesto, também não sou fã de rock. Não me refiro a toda a seção "rock/pop" da loja de discos, mas sim ao tipo de rock que se baseia em guitarras estridentes e solos intermináveis. E adivinha só? Mascis faz tudo isso, especialmente em seu novo álbum "What Do We Now". É um disco de rock visceral, com solos de guitarra por toda parte.
A pegada selvagem que caracterizava os discos do Dinosaur Jr está em grande parte ausente neste álbum. "What Do We Now" é composto por músicas lindamente compostas em violão, posteriormente adornadas por uma banda (principalmente o próprio Mascis em overdubs, além de um toque de piano de Ken Mauri do The B52s e guitarra slide de Matthew "Doctor" Dunn de Toronto).
O título do álbum remete ao final do prefácio de Mascis para o livro "Thirty-Three and a Third" de Nick Attfield (2011) sobre "You're Living All Over Me": "Para onde você vai a partir daqui?". Essa parece ser a pergunta que Mascis tem se feito nos últimos 35 anos. E enquanto ele busca a resposta, continua escrevendo essas pequenas canções deliciosas da mesma forma que um carpinteiro faz cadeiras. Uma atividade que, convenhamos, não tem nada de rock 'n' roll.