O Livro de Clarence: uma comédia bíblica divertida, mas confusa
O épico bíblico de Hollywood é um gênero que sempre foi alvo de paródia. Em 1979, o filme A Vida de Brian, dos Monty Python, satirizou de forma brilhante as histórias bíblicas. Quase 40 anos depois, o escritor e diretor Jeymes Samuel faz uma nova tentativa de atacar a pomposidade do gênero com O Livro de Clarence.
O filme conta a história de Clarence, um caloteiro de Jerusalém que tenta se esquivar de uma dívida de jogo. Para isso, ele se passa por apóstolo de Jesus e, quando isso não dá certo, se autoproclama um messias.
No início, o filme é uma comédia divertida e irreverente. Clarence é um personagem carismático e Samuel se diverte criando uma versão alternativa da Judéia romana. Há cenas memoráveis, como a corrida de carruagens em Matera e a Última Ceia no estilo Da Vinci.
No entanto, no meio do caminho, o filme muda de tom. Clarence começa a ter experiências religiosas e desenvolve poderes sobrenaturais. Isso leva a uma mistura confusa de tons, com momentos de humor intercalados com cenas de violência e sofrimento.
LaKeith Stanfield é um protagonista carismático e dá vida a Clarence com energia e humor. O elenco de apoio também é talentoso, com participações especiais de Benedict Cumberbatch, James McAvoy e Idris Elba.
No geral, O Livro de Clarence é um filme divertido, mas que não consegue atingir seu potencial. A ambição de Samuel de dar à sua comédia travessa uma ressonância mais profunda é louvável, mas acaba deixando o filme confuso e desbalanceado.