Tom & Jerry: O Filme (2021) - Crítica

 Tom & Jerry (Tom & Jerry: O Filme) é um filme americano de comédia de 2021 que mistura live-action com animação produzido pelo Warner Animation Group e baseado nos personagens de mesmo nome criados por William Hanna e Joseph Barbera O filme é dirigido por Tim Story (que também é produtor executivo do filme), escrito por Kevin Costello, e estrelado pela famosa dupla de gato e rato, Tom e Jerry. Também será estrelado por Chloë Grace Moretz, Michael Peña, Rob Delaney, Colin Jost e Ken Jeong.

Um gato de rua chamado Tom é contratado por uma garota chamada Kayla, uma jovem funcionária que trabalha em um hotel glamoroso em Nova York, para se livrar de Jerry, um rato travesso que fixou residência no hotel, antes que ele arruine um importante casamento.


Ao tratar os personagens do título como meros coadjuvantes, “Tom & Jerry – O Filme” não faz nenhum favor a esta franquia. Os humanos com quem eles interagem não são interessantes e ocupam tempo demais de tela com uma história languidamente patética. Nostalgia pode até vender, mas nostalgia barata dá parcos resultados.

Certamente o elemento mais chamativo na obra de Story é a decisão de fazer uma mistura entre live-action e animação 2D, e o filme colapsaria se a fusão não funcionasse. E apesar de certo estranhamento no início - afinal, a mistura é algo que não se vê há algum tempo no cinema - Tom e Jerry: O Filme logo revela um visual harmonioso. Fazer de todos os bichos da cidade animados resulta em um charme único, complementado pelo agrado de ver a duplinha em um visual familiar. Tom & Jerry Foi lançado em 26 de fevereiro de 2021 nos Estados Unidos, pela Warner Bros. Pictures. Teve a estreia anteriormente prevista para 16 de abril de 2021 e 23 de dezembro de 2020.

Mas não é só de Tom e Jerry que se faz Tom e Jerry: O Filme, e o longa de Story leva o gato e o rato para um hotel em Nova York e os coloca no meio de uma trama totalmente 2020. No longa, os dois se envolvem nos preparativos do casamento de um casal influencer. A jovem Kayla (Chloe Grace Moretz), uma pequena vigarista que enganou a gerência para conseguir um cargo na hospedaria, precisa se livrar de Jerry e contrata Tom para o serviço. Enquanto Kayla tenta se passar por uma boa profissional, o gerente Terrance (Michael Peña), não compra a imagem e tenta desmascará-la.

A animação do filme é feita pela Framestore, o estúdio contratou animadores 3D com paixão pela animação 2D para o filme. Seguindo a estratégia de basear a animação em um meio estilizado de modelagem efeitos visuais de 3D / CGI através de um acabamento no estilo 2D, criando aparelhamento inovador e técnicas de animação usadas para criar animação 2D e ferramentas personalizadas como iluminação e renderização, resultando no 3D / CGI da animação do filme, mantendo a aparência e o espírito da animação 2D, no estilo dos curtas dos anos 40 e 50.

Se havia um medo com o anúncio deste filme, era de que isso se perdesse para um discurso ainda mais limpo pela natureza “imoral” dos personagens, que por sobrevivência sacaneiam um ao outro para conseguirem o que querem. Felizmente, isso não acontece, ao menos não de forma tão limpa. Tim Story parece ter sido a escolha ideal de direção nesse sentido, o cineasta em Shaft de 2019, a meu ver, provou que consegue construir um filme em que dinâmicas sujas preservadas possam coexistir com exigências modernas sem que uma anule a outra. E para isso, ele usa a divisão natural do filme entre o núcleo humano e o núcleo animado. Há de se elogiar a noção perfeita de timing do diretor em entrecortar ambos de modo que, principalmente, o humano não fale mais alto que o animado, como geralmente acontece.

Tom & Jerry continuam protagonistas em seu ciclo eterno de perseguição e por acaso se encontram na jornada moral da personagem de Chloë Grace Moretz, naturalmente encaixada na natureza da dupla. Um vigarismo sonhador e oportunista que só não cai no mesmo ciclo de perseguição prejudicial com o personagem de Michael Peña porque tem que ser subvertido a uma visão mais conservadora e certinha no contexto atual de filmes infantis. Contudo, é uma transformação que ocorre somente sobre sua óptica, fornecendo assim a possível modernização limpa que ocorreria nos personagens animados, sem precisar mudá-los de fato. Em algum momento do filme, é até proposta uma união entre eles para um objetivo comum, que porventura complementa esse arco moralista da personagem humana, mas não necessariamente os levará para os mesmos fins. É como no próprio desenho, isso acaba sendo mais um motivo de exploração humorística da dinâmica, que nessa estrutura se mantém totalmente preservada, ainda que beirando o disfuncional pelo vale da estranheza.

Muito se especulou sobre a necessidade ou não da realização de um filme sobre os famosos personagens animados e sendo feito, qual impacto geraria. A incerteza de que não seria interessante era muito grande, porém, logo nos minutos iniciais da obra, isso é desfeito. Uma ideia certeira foi deixar os personagens exatamente do jeito que sempre foram, apenas um retoque para ficar mais apresentável nas telonas dos cinemas. Tom & Jerry que são os astros, isso é fato. Quem tem que se adaptar a eles são os humanos e não ao contrário, e isso funciona bem. A história é simples, mas é suficiente. Principalmente por ser regado do clima de amor e ódio que esse gato e rato vivem, além de matar aquela saudade de ficar em frente a televisão. É bem previsível, cabe ao espectador sentar e curtir, sem pretensão alguma fora relaxar e se divertir.

Tom & Jerry é nostalgia pura e promove um acolhimento familiar. Aqueles pais que farão questão de levar os seus filhos para assistir e dizer: olha, era esse desenho que eu assistia quando tinha a sua idade! Trará também a discussão sobre a violência trocada entre os melhores inimigos, digo amigos, que outrora era bastante comum nos desenhos do universo infantil. É para assistir em família, mas não ouse se fazer de tapado e deixar de esclarecer alguns pontos com as crianças. De uma coisa fique ciente, esse filme, com certeza, agradará também aquelas crianças que realizam peripécias surreais em sua casa. Talvez um defeito foi perder algumas chances de acabar e enrolar menos em seu desfecho final, fora isso, funciona muito bem. Dirigido por Tim Story, é uma animação combinada com live-action tem em seu elenco Chloë Grace Moretz, Michael Peña, Rob Delaney, Colin Jost e Ken Jeong.

Sorte que Story é um diretor que sabe trabalhar com uma mistura de cenários artificiais de computação com efeitos práticos, como mostram os dois filmes do Quarteto Fantástico (de que particularmente gosto bastante). Nesse caso, também com o contrário, personagens artificiais em cenários práticos, que encenam de forma bastante crível a existência do cartoon naquela realidade. O universo admite em sua unidade que todos os animais são constituídos de desenho e que todo o restante irá interagir de forma síncrona com essa cartunização, apesar de serem reais. Isso é ótimo para fornecer uma fácil adaptação do núcleo humano a essa interatividade com animado inserido na pós-produção. É uma base que todos os bons híbridos seguiram primordialmente para não limitar as possibilidades do seu filme, que livre na roupagem cartoon ainda garante uma comunicação direta com seu público-alvo.

O problema da animação está na configuração do design. Os traços atuais – e isso vale para muitas animações, desenhos e até animes – são geralmente mais lisos no ambiente digital, com pouca textura de linhas que acaba inevitavelmente não harmonizando tanto com a realidade quanto os traços de desenhos antigos, com linhas que separavam mais nitidamente a profundidade de campo, que detalhava mais a curvatura dos corpos e os detalhes entre eles. Fica estranhamente artificial na artificialidade, e isso prejudica na percepção humorística do filme, que apesar de honesta na preservação da identidade do desenho, não exatamente funciona com regularidade, pois a todo momento falta harmonia visual na fisicalidade da piada (e o humor de Tom e Jerry é predominantemente físico). Fora que a construção separada da moralidade no núcleo humano não estimula a estrapolação animada com mais vigor.

Michael Peña, um dos atores mais carismáticos da atualidade, tinha tudo para ser o herói da trama, mas fica apagado em um papel sem sal. Isso acontece porque nossa protagonista humana precisa salvar o dia e se redimir para que o filme complete seu arco, mas a jornada de Kayla se encerra com uma mensagem no mínimo questionável, de que a nova geração é capaz de tudo mesmo sem grandes experiências. 

Para quem é fã das antigas, aparições de personagens como Spike, Butch e Frufru certamente agradarão, mas a verdade é que Tom e Jerry: O Filme privilegia o divertimento dos pequenos à nostalgia dos adultos, acertando ao dar para cada um dos públicos a recompensa que merece Tom & Jerry até podia ser mais carnavalesco, mas sente que existe um ponto que impediria a coexistência do sujo com o limpo. Algo que de algum modo limita as possibilidades cênicas, contrapondo a intenção visual concebida para não perder em nada o caráter lúdico pelo cenário real. Assim, as intenções de virtudes de Tom & Jerry também abrem margem para os seus maiores deméritos. Por mais que minha descrição dos aspectos positivos e negativos esteja diretamente ligada a lembranças de uma diversão descontraída e descompromissada que me deixaram injuriado por não ter mais um aspecto animado tão bem detalhado, o filme não chega a ser dependente do valor nostálgico. Ele é independente temporalmente o suficiente para abrir um ótimo caminho ao retorno desses híbridos ao mercado no contexto.

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